Voltando a ativa
Muitos me pergunt
am porque parei de escrever no blog e porque parei com os diários. Simples. Os problemas que tivemos com nossa formaçao e a absoluta falta de tempo. Durante 2012 tivemos uma agenda repleta de atividades com a banda e individualmente. Onze shows e trinta workshops pelo Brasil ocuparam bastante a agenda desse ano, mas o balanço do ano vem mais adiante. Tivemos coisas bem legais como os shows com o Cristiano Wortmann e o Mike Polchowicz que valeram muito. Para desenferrujar um pouco segue abaixo o último diário que escrevi em abril de 2012. Espero que gostem e daqui pra frente vou ser mais assíduo no blog.Saudações.
NM
Diário Hangar 2012
Seguindo nosso
diário do Hangar, desta vez com nossas aventuras pelo Nordeste em direção ao
fracassado Metal Open Air, passando antes por Pernambuco, Piauí e Ceará para
workshops e um workshow.
Viajar para o
Nordeste é sempre uma alegria, mas também traz muita apreensão. Essa seria a
sexta vez do Hangar na região. Em todas às vezes fomos via estrada. Em 2003, na
nossa primeira vez fomos de ônibus de linha. Saindo da rodoviária do Tietê em
São Paulo levamos 62 horas até São Luís no Maranhão. Em 2004, novamente mais 54
horas até Recife. Depois demoramos seis anos para voltar. Em agosto de 2010 em
plena tour do Infallible voltamos em uma condição diferente com nosso próprio
tour bus. O grande barato de viajar assim é o convívio que todos acabam tendo
entre si.
Detalhes
Estamos no final
de uma tour que fez dois anos agora dia 01 de abril, então normal que a galera
esteja já cansada de tanto tempo na estrada. Tivemos que recontratar uma equipe
totalmente nova, com exceção do Daniel Fernandes que irá cumprir todas as
nossas datas até o final no dia 19 de maio. Fizemos uma seleção através de e-mails
e chegamos a três nomes: Peterson Fernandes, Enzo Camurça e Diego
"Caveira". No decorrer da narrativa vou apresentá-los com todas as
honras.
Voltando a
viagem para o Nordeste e aos detalhes, durante o início do mês o Laguna e o
nosso motorista, o Sr. Sebastião Telles cuidaram de todos os preparativos com o
ônibus. Existe uma série de itens a serem verificados para uma viagem dessas,
desde a troca de óleo, freios, suspensão, tacógrafos, baterias etc... Uma
viagem de quase oito mil quilômetros no total não é brincadeira e envolve muita
segurança.
Viagem
Nos reunimos no
dia 09 de abril em São Paulo. Ensaiamos para que tudo desse certo. Conhecemos
nossa nova equipe. O primeiro que apareceu foi o Peterson Fernandes. Eu já
havia conversado por telefone com ele e avisado que ia ser difícil, mas ele não
acreditou. Depois foi a vez do Enzo Camurça. O Enzo é tipo um protótipo mais
próximo possível de uma mistura genética de um "nerd" com um
"geek" e uma pitada de "metaleiro" daqueles bem "metal
melódico". De cara ele já ganhou um apelido, que eu não posso publicar aqui, mas posso
dizer que era o nome de um grande vocalista de uma banda nacional. Bah, se eu
disser que ele é gordinho, vou entregar. Ahhhh, mas particularmente eu também o
apelidei de “Sheldon” por motivos óbvios. Por último, chegou o Diego
"Caveira". Bom, o Diego chegou e já de inicio notamos que a
comunicação com ele era praticamente impossível. Vindo do interior do sul de
Minas Gerais, Diego fala uma espécie de dialeto mineiro que ele insiste em
dizer que é português brasileiro do sul de Minas "uai" auhauhauhauha..
Imagina o Aquiles tentando se comunicar com ele durante 15 dias. Isso foi só o
começo...
Saímos de São
Paulo no dia 10 de abril em direção a Palmares em Pernambuco. Pra quem não sabe
são cerca de 2.500km, ou seja, são dois a três dias de viagem. Passar tanto
tempo dentro de um ônibus com mais oito pessoas se traduz em poucas coisas a
escolher:
1) dormir e se
isolar do mundo como se nada estivesse acontecendo;
2) assistir a
todos os capítulos de uma série tipo "Prison Break" ou
"Dexter";
3) não deixar o
Telles, nosso motorista dormir na direção;
4) entrar em
estado zen total e pensar, pensar, pensar até enlouquecer de tanto pensar;
Eu me situo entre
a opção número 3 junto com o Laguna, e a 4. Presto atenção em alguma coisa da
opção 2 junto com o Aquiles e jamais uso a opção 1, que eu sempre deixo para o
Martinez.
Depois de tanto tempo,
mesmo com o conforto do ônibus, a bunda já fica meio quadrada, não chega a ser
um problema se comparado a falta de banho durante a viagem.
Palmares
Chegamos a
Palmares na noite do dia 12 de abril. Palmares é uma cidade de 60 mil
habitantes e distante, cerca de 120km da capital Recife. Em 2010, Palmares foi
devastada por uma enchente do rio Una que deixou a cidade submersa com cerca de
2 a 3 metros de água. Chegamos e fomos recepcionados pelo nosso anfitrião,
Abidiel Junior, que logo se transformou em "ABIGAIL" pelas palavras
do Aquiles, rsrsrsr. Como era tarde, jantamos e fomos para o hotel.
No dia seguinte
pela manhã comecei a andar pelo centro da cidade e fui até o local que iriamos
tocar. Quando marcamos a data me preocupei muito que o show seria em praça
pública no centro da cidade, principalmente com a questão da segurança. Mas
andando pela praça, pelo anfiteatro, comecei a conversar com as pessoas e
comecei a perceber o quanto aquilo seria importante para nós e para a
população.
O local do
workshop foi inundado em 2010, por cerca de 3 metros de água. As pessoas na
escuridão não sabiam o que estava acontecendo. Elas se ajudavam, gritavam em
busca de segurança. São essas pessoas que reconstruíram a sua cidade. E naquele
dia, elas que riam e agradeciam o tempo todo que estávamos ali para alegrá-los.
Uma alegria de povo brasileiro no interior de Pernambuco. À tarde fizemos uma
sessão de autógrafos na loja de instrumentos do Abidiel, agora oficialmente
chamado de Abigail... Quando a noite chegou estavam lá cerca de dois mil
pessoas que fizeram uma festa sem tamanho. Nenhuma briga, nenhuma confusão.
Conhecemos pessoas maravilhosas como o fotógrafo, Denilson Vasconcelos e o
nosso amigo, Pedrão.
Recife
Chegamos a
Recife, velha conhecida. Lugar onde o Hangar em 2003 conseguiu a façanha de ter
a música "To Tame a Land" como a mais executada pela rádio Cidade FM.
O local do workshop foi um bar chamado "Barulhinho" no bairro Recife
Antigo, que é uma parte histórica da cidade. Ao chegar reparei que o prédio era
datado de 1925 e o prédio ao lado do bar era idêntico, porém com a pequena
diferença que estava completamente em ruínas. Hum... De cara encontramos o João
Marinho, o dono do Metal em Recife, o chefão maior da Blackout Discos e
torcedor sofredor número um do Náutico Capibaribe. Eu sempre falo pro João que
ele tem um bom gosto de torcer por um time de vermelho e branco, mas um péssimo
gosto por tratar-se de um time "Náutico" e futebol é coisa de grama,
terra, ou seja, eles nunca irão ganhar nada mesmo. Brincadeiras à parte, João
foi o cara que apostou na nossa primeira tour em 2003 e abraçou a causa Hangar
sempre que precisamos. Logo em seguida chegou Sérgio Maiden a bordo de sua moto
flamejante de 1200 cilindradas. Sérgio também esteve na organização do nosso
primeiro show em 2003 e depois de algum tempo morando nos "istaites",
voltou para o Brasil. Fiquei muito tempo conversando com ele sobre a cidade
gaúcha de Gramado, que ele se apaixonou quando esteve em férias no último
verão.
Montamos a
estrutura toda em tempo recorde e já havia muita gente do lado de fora formando
uma fila para entrar. O calor era insuportável, pois o espaço era apertado,
pequeno e estava muito quente. Antes de começar o evento chegou a minha grande
amiga, Joanna D`arc, nossa doutora em Biomedicina que virou colorada de coração
e está prestes a casar com o Fábio Bonotto, um gaúcho da cidade de Feliz.
Ficamos tempo falando sobre como ela vai vencer o frio quando vier morar no Rio
Grande do Sul, coisa que ela acha pouco provável de acontecer, mas eu insisto
em pegar o seu pé. “-Vai morar sim”..hauha. O workshop do Aquiles foi um
sucesso mais uma vez. Recife faz parte dos nossos corações. Depois de desmontar
tudo fomos para o ônibus esperar a hora de começar a viagem para Caruaru. Como
estávamos no centro do Recife Antigo, um lugar repleto de bares, música ao vivo
e muita gente circulando, aproveitamos e fomos comer em um restaurante onde o
Fábio e o Martinez acabaram dando uma "canja" com os músicos locais.
Caruaru
Saindo de Recife
tomamos a estrada que nos leva até Caruaru. Estivemos pela primeira vez na
cidade em 2004. Fizemos um show
histórico que em parte está registrado no nosso DVD no relançamento do Last
Time. Temos muitos amigos na cidade como o baterista Júnior Eugênio, Júnior Sá
da Nova Music e o grande David Sebastian. David ao longo dos anos tornou-se
além de um fã um grande amigo. Formando em História, o trabalho de TCC dele é
justamente sobre o Hangar. Montamos todo o equipamento muito rápido e fomos
descansar um pouco no hotel. Como era domingo, o workshop aconteceu cedo e mais
uma vez com casa lotada. Quem apareceu foi a nossa amiga e cantora Ayanne
Barros, mas não conseguimos conversar. Como sempre atendemos todos até o final.
No dia seguinte, antes de irmos para Picos, aproveitamos para passar pela feira
de Caruaru, uma das mais tradicionais do Nordeste. A feira tem de tudo. Muita
arte em barro, artesanatos em couro e bordados. David nos acompanhou até a saída
da cidade e seguimos em direção ao Piauí.
Picos
No caminho em
direção a Picos, atravessamos todo o estado de Pernambuco em uma longa linha
reta de aproximadamente 500 km. No meio do estado passamos pela cidade de
Custódia, onde encontramos nosso grande amigo Paulo Petersen. Paulo junto com o
pessoal que falei anteriormente João Marinho, Sérgio Maiden e Joanna DÁrc foram
nossos anfitriões em 2003 na primeira vez que estivemos no estado. Paramos em
um bar e conseguimos conversar com ele e com a Elaine Mello, esposa e viúva do
Hugo Mello. Hugo foi o responsável pelo show do Hangar em Caruaru no ano de
2010 e esteve no show de 2004. Era um fã da banda e faleceu aos 27 anos em um
acidente de carro na mesma rodovia que estávamos passando. Elaine ficou
emocionada ao saber da homenagem que fizemos ao Hugo um dia antes em Caruaru,
quando ofereci a memória dele a música "To Tame a Land".
Chegamos em
Picos e quem nos recebeu foi o Rômulo Vinicius. Nos dirigimos até uma lancheria
que ficava em frente ao hotel. Lá conhecemos o bonequinho que ficava cantando e
andando de bicicleta. O apelidamos de "Michael Jackson". O Aquiles
publicou uma foto dele "live" via Twitter. Fomos descansar e no outro
dia pela manhã fomos montar o equipamento. O calor era terrível embora
existisse um vento insistente. O local era um espaço destinado a eventos com
duas escadarias em volta do palco principal. Era um clima meio de "baile
de debutantes", mas um lugar limpo, novo e com um ambiente excelente.
Durante a tarde ficamos indo e vindo para vários lugares sempre em companhia de
um baterista da cidade chamado Nivan. O cara estava muito ocupado naquele dia,
mas fez questão de nos acompanhar, mas sempre com o bordão preparado: "- Mamãe
está esperando". Ele havia assumido um compromisso com sua mãe e ao mesmo
tempo nos levava pra cima e pra baixo. Uma hora de tão confuso que ele estava,
falando ao telefone ao mesmo tempo em que o Aquiles, ele começou a repetir as
palavras que o Aquiles falava, pensando que era algum tipo de informação que
devia passar pro Romulo. O Aquiles gritava "- Não, aqui!" e ele
falava "- Não, aqui!" pro Romulo. Foi uma confusão tão grande que rimos
muito.
Mais uma vez
levamos um workshow do Hangar para uma cidade no interior do Brasil, onde nunca
antes havia acontecido algo parecido. A carência desse pessoal para com o Rock
ou Metal é enorme, o que fez com que este show recebesse um público muito
grande. Havia vários músicos e fãs, para nossa surpresa até mesmo com camisetas
da banda. Tivemos a participação da Talyanne Lavor nos vocais de Perfect
Strangers e do próprio Romulo Vinícius na guitarra, que não fizeram feio não,
foram muito bem. Um grande abraço ao Romulo Vinícius pela produção impecável.Ao
chegar no hotel deparamos com uma pequena crise. O Peterson Fernandes, nosso
roadie de cordas teve um pequeno “espano”, uma gíria nossa quando o cara “surta”
e quer pular fora do esquema. Lógico que contribuiu pra esse momento o nosso
querido guitarrista Eduardo. Nós sempre brincamos que quando o “Eduardo”
aparece, as coisas tendem a ficar mais complicadas, mas brincadeiras a parte
seguramos a “onda” do Peterson e ele voltou ao normal e seguiu conosco.
Fortaleza
Praticamente sem
dormir, saímos muito cedo em direção a Fortaleza. Era por volta das seis da
manhã e todos estavam dormindo no ônibus e eu ali tentando prestar atenção no
caminho. Eu sabia que deveríamos dobrar a esquerda a cerca de 25km de Picos,
mas passado cerca de 40 minutos, o Telles não parava nunca de andar em linha
reta. Não era a primeira vez que isso acontecia. Fui até ele e paramos para
perguntar em um posto de combustível. Tínhamos passado 27km da BR que levava a
Fortaleza. Voltamos todo o trajeto. Por volta das 11h da manhã chegamos a
Fortaleza e encontramos nosso grande amigo, Edu Reche e a sua esposa, Cláudia
proprietários da escola Bateras Beat. Seguimos direto para a casa do João
Victor, um baterista/empresário/fã que estava ajudando na produção do evento.
Fomos muito bem recebidos na casa do João pelos seus pais e amigos. A casa
deixou muitos de boca aberta. Não é sempre que entramos em uma casa avaliada em
1,5/2 milhões de dólares como o João me falou. Após o almoço seguimos para o hotel,
que ficava à beira mar. A tarde uma grande confusão. Tivemos que parar o trânsito
para poder descarregar o equipamento no Oboé Centro Cultural, um local muito
bacana.
Enquanto voltávamos
para o hotel rapidamente para trocar de roupa, a fila já começava a se formar.
O Edu vibrava muito com a quantidade de pessoas. Não havia mais como acomodar
todos sentados e decidimos que o pessoal poderia ficar sentado ou em pé, mas a
lotação deveria ser garantida. Vários amigos compareceram, em especial a
Michely Sobral, que por muitos anos foi editora do net zine do Aquiles. A
Michely já recebeu várias homenagens pelo seu apoio ao Aquiles e a banda e
nessa noite não foi diferente. Aquiles saudou a sua presença com uma grande
salva de palmas. Após o evento voltamos ao hotel.
Metal Open Air
Eu acho que não
cabe nem dar muito espaço a esse pseudo festival nesse texto então vou me deter
aos fatos referentes à banda e os dias que antecederam e sucederam o evento.
Ainda na terça-feira na cidade de Picos, lembro que o Romulo e a sua irmã,
Fernanda Ribeiro, me perguntaram com bastante entusiasmo sobre o M.O.A. Eu
respondi que estava tentando uma resposta deles a cerca de uma semana sobre o
nome do hotel e também sobre o nosso contrato, questões legais e de pagamento
de cachê. Falei também que não estava acreditando no festival e que só
"vendo pra crer". Uma semana antes eu havia comprado a passagem para
o André ir direto a São Luís, já que nos workshops do Aquiles ele não estaria
presente. Tínhamos um limite de tempo para resolver tudo. Deveríamos ter a
confirmação de tudo até quarta feira a noite, para que viajássemos toda a
quinta-feira, porque seriam cerca de 16 horas de viagem, até chegar ao
Maranhão. Conseguimos alguns contatos com a produção, mas algumas questões
ficaram pendentes. A noite chegou, não havia mais tempo e nem entusiasmo de
participar. Liguei imediatamente para o André que já estava a caminho do
aeroporto. A sorte que peguei ele com o celular ligado, caso contrário o
tamanho da confusão seria maior.
Na manhã de
quinta ainda recebemos a oferta de depósito de mais 35% do nosso cachê e o
restante no momento do show. Já eram dez da manhã e decidimos não arriscar. Todo
o resto colocamos no nosso site e em
sites de relacionamento. Além de não recebermos o cachê, teríamos mais um
problema, onde ficar em Fortaleza até a ida para Goiânia. Seriam três dias sem
ter onde ficar. Com a ajuda do nosso novo amigo João Victor, conseguimos nos
estabelecer em um apartamento que ele tem em um resort à beira do mar. Muita
sorte mesmo. Ficamos os nove ali no apartamento curtindo piscina, mar e sol.
Não havia cama para todos, mas não há problema algum em você dormir no sofá ou
no chão em uma emergência dessas. Foi uma decisão acertada.
Não haveria como
arriscar uma viagem de 900 km com nove pessoas a bordo para simplesmente tocar
pelo prazer de estar em um mega festival. Nosso tempo de banda iniciante já
passou, temos responsabilidades com as pessoas que trabalham conosco, com a
própria banda e com as pessoas que gostam da nossa música. O Aquiles aproveitou
os dois dias de semana, quinta e sexta para ministrar aulas no Bateras Beat.Na
noite de sexta quando ele voltou nos presenteou com notícia que ele, o Edu e a Cláudia haviam
sido assaltados na saída da escola. Levaram o carro novo do Edu, mochilas,
dinheiro e tudo que puderam. Ainda sim vimos a situação com alívio pois todos
sabem que em situações desse tipo pode acontecer de tudo. Lamentamos sim a
perda do note do Aquiles, cameras, registros dele e da banda que por anos
estavam ali sendo guardados. Lógico que o cara que está com esse material não
deve conhecer a história da banda e hoje o equipamento deve ter virado uma
pequena porção de alguma droga. Lamentável.
A grande viagem
Saímos de
Fortaleza em direção a Goiânia na tarde de domingo dia 22 de abril. Quando você
pesquisa no Google e visualiza a quilometragem total a ser percorrida e lê
2300km, um mar de sentimentos te invade. São dois dias e meio de viagem,
atravessando quatro estados pelo interior. Levamos um dia e meio para
atravessar o Ceará e o Piauí. Passamos novamente por Picos e seguimos em
direção ao oeste do Piauí. Passamos por cidadezinhas pequenas, onde inclusive
encontramos um senhor muito bem humorado com seu chapéu de couro no maior
estilo cangaceiro. O amável senhor concordou em posar conosco na maior marra de
vocalista da banda. O Lampião do Metal. No início da noite do segundo dia,
paramos em algum lugar na entrada do oeste do estado da Bahia. Era um posto de
gasolina enorme perdido em meio a algum lugar onde só se vê caminhões indo,
caminhões voltando. Uma das minhas maiores temeridades quando passamos por
essas viagens muito longas, é o stress emocional que todos sentem. Exatamente
nesse ponto da viagem quase não falamos uns com os outros. Apenas queremos
chegar até o próximo local de show e voltar pra casa. É o que chamo de
"cobrança da estrada". Saindo desse posto chegamos à divisa de Bahia
com Goiás onde paramos para dormir em outro enorme posto de combustível. Era
como se fosse uma vila com várias casas em volta. Não havia sinal de celular,
apenas uma música vinda de dentro de dois ou três bares abertos que serviam
alguns petiscos secos. Cena de filme brasileiro no centro do país. Quando o dia
amanheceu voltamos à estrada e chegamos a Goiânia antes do meio dia da terça
feira.
Goiânia
Fomos recebidos
pelo Adriano Reis, pela Beny e a Yasminn Fernandes da produtora Undermetal.
Fomos para o hotel e em seguida para uma visita a loja que patrocinava o evento
chamada Musical Roriz. Dedicamos o dia para ir cada um para um lado resolver
seus problemas particulares. Eu fui até o banco e não saí de perto do hotel. Na
manhã do dia seguinte o pessoal da produção e nossa equipe se dirigiram até o
Teatro do Colégio Marista, que ficava a cerca de 200 metros do hotel. Mais uma
vez Goiânia nos recebeu muito bem. Um teatro lotado se divertiu conosco,
principalmente na parte das perguntas e interatividade conosco. Vários amigos
compareceram como a Thais Sena, a Olivia Bayer, Jimme Smv, Murilo Ramos,
Layanne Cristine, Murilo Morais, Arthur Albuquerque, João Lobo. Depois de
receber a todos no merchandising, arrumei as minhas malas e a uma da manhã me
dirigi até o aeroporto. Como eu havia assumido um compromisso no Rio Grande do
Sul no próximo dia, acabei voltando mais cedo pra casa, enquanto o restante da
banda seguia viagem até São Paulo e depois Mococa, onde o Infallibus fica
estacionado.Não são muitas vezes que alguém do grupo deixa a trupe pra trás.
Quando contece isso quem vai embora fica com aquela parcela de culpa por ter
deixado uma parte do trabalho a ser feito pelos outros, mas dessa vez era
inevitável.
Que venha maio e o futuro
Maio vem
ai e iremos nos encontrar no dia 19 em São José do Rio Pardo, interior de São
Paulo. Tenho a sensação que vamos encerrar o ciclo pós Infallible. Desde abril
de 2010 estamos na estrada. Fizemos cerca de 150 eventos e andamos cerca de 70
mil km com o Infallibus.