domingo, 4 de março de 2012

Músicas que marcaram : Capítulo seis - Dancing Days - Led Zeppelin


Mais do que natural que uma música que está no primeiro disco que voce comprou faça parte da sua vida. Houses of the Holy é o quinto disco do Led Zeppelin. Quando comprei esse disco a banda nem existia mais, mas a força que o nome tinha era impressionante. Uma das coisas mais engraçadas da época era quando toda a galera "cabeluda" da cidade se reunia e começava a discutir música, era Rush pra um lado, Deep Purple pra outro, Black Sabbath no meio, mas quando chegava no "Led", não havia mais discussão. Era uma unamidade. Eles eram uma banda tão grande que acabava qualquer falatório. Era praticamente obrigatório você ter o Led I, II, III, IV e todos os outros. Jimmy Page era um um gênio e Robert Plant um símbolo de uma era. Hoje talvez seja até difícil imaginar isso, mas era uma realidade. Com uma capa que continha crianças subindo para o alto de uma montanha de pedras, o disco era completamente inovador para a época. As músicas passavam por várias vertentes e influências. Do violão folk de "Over the Hills and Far Away" até o funk de "The Crunge", passando pelo progressivo de "No Quarter" até o peso pesado de "The Song Remais the Same". Abrindo o "Lado 2", "Dancing Days com sua introdução de múltiplas guitarras e levada quase hipnótica tem um refrao marcante que aliado ao riff inicial que volta várias vezes acaba te pegando para sempre. Pode não ser a melhor música do Zeppelin , mas para quem estava conhecendo a banda , nada melhor do que se apaixonar por uma música do seu primeiro disco e escutá-la para sempre.

Led Zeppelin
Dancing Days ( Page,Plant )
Disco - Houses of the Holy - 1973

Dancing days are here again
As the summer evening grows
I got my flower, I got my power
I got a woman who knows

You know it´s alright
I said it´s alright
You know it´s alright in my heart
You´ll be my only, my one and only
Is that the way it should start?

Raízes no passado, presente e futuro.


Falar sobre o passado sempre é um bom começo para te lembrar do presente e do futuro. A cerca de 40 dias encontrei passeando pela rua , como se nada tivesse a fazer , um cara chamado Luciano Franco. Ficamos mais de uma hora relembrando os nossos momentos juntos na minha primeira banda de trabalho autoral. Luciano era o guitarrista, eu o baixista, Claiton Ramos o vocal e Adriano Azeredo o baterista. A banda se chamava "Alma Beat" , em homenagem a um livro de crônicas sobre vários escritores beatniks, publicado pelo jornalista gaúcho Eduardo Bueno. Eu tinha lido um livro chamado "Verdes Vales do Fim do Mundo" do escritor Antonio Bivar, que contava as suas aventuras pelo Reino Unido como mochileiro nos anos 70 e a soma desses dois livros levaram-me a sugerir o nome da banda. Durante a conversa lembramos daqueles cerca de quatro ou cinco anos em que sonhamos muito com a música. Era o auge do rock/metal por aqui, época de Metallica, Guns, Skid Row, Mr Big, etc...Tocávamos muitas músicas de nossa autoria. Geralmente eu fazia alguma coisa no violão e ele apresentava o riff e depois eu escrevia as letras , na maioria abstratas demais para serem usadas hoje. Nossas influências eram muito parecidas. Eu gostava de Mr Big, o Luciano de Iron Maiden, o Adriano de Pantera e o Claiton das coisas "novas" vindas de Seattle. Uma das lembranças que vieram a tona foi a insistência do Adriano em usar pedal duplo. Imagina em uma época em que ter uma bateria era um luxo enorme, ele tinha uma "Pearl" vermelha com um pedal duplo. Eu e o Luciano achávamos um exagero, ou melhor, nem tínhamos ideia de como se usava "aquilo". Talvez fosse medo do novo, do inovador e também porque não éramos muito chegados a metal mais extremo ou mais rápido que exigisse a ferramenta. Rimos muito pela ironia do inusitado. Lembramos também do nosso primeiro grande show. Aniversário da cidade no ano de 1995, quase 17 anos atrás. Tocamos com o guitarrista Frank Solari que era o show principal. Acho que havia umas 5 mil pessoas na praça, o palco enorme, som perfeito e nós tocando nossas músicas com uma violência extrema. Éramos uma banda de muita pegada e que tocava bem pesado. Na real , na nossa cabeça éramos a melhor banda de todos os tempos na cidade de Gravataí "hauhauhuahua". Enfim, no final de nossa conversa ficamos de marcar um encontro com a banda toda ainda esse ano. Claiton mora na praia do Campeche em Florianópolis e o Adriano e o Luciano aqui no bairro onde moro. Hoje lembrando do passado tudo parece muito amador ou imaturo , mas à época era o que nós achávamos o correto, o melhor para a banda e tivemos muitos momentos ótimos. O tempo passa e as pessoas se distanciam pelo próprio correr da vida, mas as imagens do passado ninguém pode tirar de você e nada melhor do que o verbo para fazer você relembrar que tudo que passa tem a sua devida importância e as amizades mesmo em silêncio se mantém vivas por esse laço.