domingo, 31 de julho de 2011

A Estética do Frio...as razões de Vítor Ramil...


Resolvi transcrever partes do texto de Vítor Ramil chamado "A Estética do Frio", uma visão particular sobre a vivência e características tipicas do nosso estado gaúcho. O que me motivou a esta transcrição foi uma frase do nosso motorista na última viagem feita pelo Hangar aqui para as terras gaudérias. Depois de uma semana em Porto Alegre e Gravataí, o Telles, já na saída para a BR 101 que leva ao norte do Rio Grande me falou o seguinte: "Ainda bem que estamos indo embora , não aguento mais de saudades do Brasil." A frase saiu muito naturalmente e eu achei muito engraçado a sua observação. Lógico que moramos todos no mesmo país , mas em cada região existem características fortes e marcantes. As mais lembradas por estas terra e que marca o vivente que aqui nasce sempre foi o frio e uma espécie de sensação de isolamento do restante da nação. Geograficamente o primeiro ou o último estado do Brasil, a sensação de estar isolado do resto é evidente, o que faz com que exista uma super valorização do contexto interno do estado. É comum cantarmos o hino do Estado em competições esportivas ou comemorar o 20 de setembro, data da Revolução Farroupilha e que proporcionalmente equivale ao 07 de setembro nacional. As vestimentas típicas são comuns, o chimarrão a bebida estadual e cada cidade conforme o seu tamanho mantem vários CTGs ou Centro de Tradições Gaúchas. Viajando muito pelo Brasil constato que cada região tem as suas características e tradições assim como no Rio Grande, variando de intensidade de estado para estado. O que não podemos negar é que aqui a intensidade e o orgulho da terra é grande e mantem-se em constante movimento através da música e das tradições.

Segue abaixo o texto sério e ao mesmo tempo bem humorado do grande Vítor Ramil, também conhecido como irmão do Kleiton e do Kledir.

NM

*Foto "Gaúcho na geada"

"A Estética do Frio.

Eu me chamo Vitor Ramil. Sou brasileiro, compositor, cantor e escritor. Venho do estado do Rio Grande do Sul, capital Porto Alegre, extremo sul do Brasil, fronteira com Uruguai e Argentina, região de clima temperado desse imenso país mundialmente conhecido como tropical.

A área territorial do Rio Grande do Sul equivale, aproximadamente, à da Itália. Sua gente, os rio-grandenses, também conhecidos como gaúchos, aparentam sentir-se os mais diferentes em um país feito de diferenças. Isso deve-se, em grande parte, à sua condição de habitantes de uma importante zona de fronteira, com características únicas, a qual formaram e pela qual foram formados (o estado possui duas fronteiras com países estrangeiros de língua espanhola); à forte presença do imigrante europeu, principalmente italiano e alemão, nesse processo de formação; ao clima de estações bem definidas e ao seu passado de guerras e revoluções, como os embates durante três séculos entre os impérios coloniais de Portugal e Espanha por aquilo que é hoje nosso território e a chamada Revolução Farroupilha (1835–1845), que chegou a separar o estado do resto do Brasil, proclamando a República Rio-Grandense.

Se no passado o estado antecipou-se em ser uma república durante a vigência do regime monarquista no país, no cenário político nacional desta virada de século, marcado pela desigualdade social, a capital Porto Alegre tornou-se referência internacional como modelo bem sucedido de política com participação popular.

Vou falar o mais brevemente possível sobre a minha experiência como artista no Rio Grande do Sul e no Brasil. É importante começar dizendo que essa conferência é uma exposição de minhas reflexões acerca de minha própria produção artística e seu contexto cultural e social. Do tema, a estética do frio, não se pretende, em hipótese alguma, uma formulação normativa. As idéias aqui expostas são fruto da minha intuição e do que minha experiência reconhece como senso comum. A extensão do assunto e o pouco tempo para expô-lo não me permitem desenvolver suficientemente alguns pontos. Mas convido a todos para um debate após esta exposição, para que possamos retomar o que for de seu interesse e compartilhar novas reflexões.

Nasci no interior, mais ao Sul do que Porto Alegre, na cidade de Pelotas, que em alguns dos meus textos e canções aparece com seu nome em anagrama: Satolep. Minha vida profissional começou e se desenvolveu em Porto Alegre. No entanto gravei quase todos os meus discos no Rio de Janeiro, centro do país e do mercado da música popular brasileira. A exceção é o meu mais recente CD, Tambong, gravado em Buenos Aires, Argentina.*

Aos dezoito anos gravei meu primeiro disco, Estrela, Estrela; aos vinte e quatro troquei Porto Alegre pelo Rio de Janeiro, onde morei por cinco anos. Vivi esse período no bairro de Copacabana, praia símbolo do verão brasileiro, onde, apesar do clima de mudanças discretas entre as estações e do predomínio do calor, mantive sempre alguns hábitos do frio, como o chimarrão, um tradicional chá quente de erva-mate.

Em Copacabana, num dia muito quente do mês de junho (justamente quando começa o inverno no Brasil), eu tomava meu chimarrão e assistia, em um jornal na televisão, à transmissão de cenas de um carnaval fora de época, no Nordeste, região em que faz calor o ano inteiro (o carnaval brasileiro é uma festa de rua que acontece em todo o país durante o verão). As imagens mostravam um caminhão de som que reunia à sua volta milhares de pessoas seminuas a dançar, cantar e suar sob sol forte. O âncora do jornal, falando para todo o país de um estúdio localizado ali no Rio de Janeiro, descrevia a cena com um tom de absoluta normalidade, como se fosse natural que aquilo acontecesse em junho, como se o fato fizesse parte do dia-a-dia de todo brasileiro. Embora eu estivesse igualmente seminu e suando por causa do calor, não podia me imaginar atrás daquele caminhão como aquela gente, não me sentia motivado pelo espírito daquela festa.

A seguir, o mesmo telejornal mostrou a chegada do frio no Sul, antecipando um inverno rigoroso. Vi o Rio Grande do Sul: campos cobertos de geada na luz branca da manhã, crianças escrevendo com o dedo no gelo depositado nos vidros dos carros, homens de poncho (um grosso agasalho de lã) andando de bicicleta, águas congeladas, a expectativa de neve na serra, um chimarrão fumegando tal qual o meu. Seminu e suando, reconheci imediatamente o lugar como meu, e desejei estar não em Copacabana, mas num avião rumo a Porto Alegre. O âncora, por sua vez, adotara um tom de quase incredulidade, descrevendo aquelas imagens do frio como se retratassem outro país (chegou a defini-las como de “clima europeu”).

Aquilo tudo causou em mim um forte estranhamento. Eu me senti isolado, distante. Não do Rio Grande do Sul, que estava mesmo muito longe dali, mas distante de Copacabana, do Rio de Janeiro, do centro do país. Pela primeira vez eu me sentia um estranho, um estrangeiro em meu próprio território nacional; diferente, separado do Brasil. Eu era a comprovação de algo do qual não me julgara, até então, um exemplo: o sentimento de não ser ou não querer ser brasileiro tantas vezes manifesto pelos rio-grandenses, seja em situações triviais do cotidiano, seja na organização de movimentos separatistas.

A sério ou de brincadeira, sempre se falou muito no Rio Grande do Sul em sermos um “país à parte” (nossa bandeira atual é a mesma de quando os revolucionários farroupilhas separaram o estado do resto do país. Vale no entanto dizer que, apesar da imagem que ficou para a história, os farroupilhas não eram separatistas no início de seu movimento). Por ter sempre acreditado que entre falar e sentir havia uma distância enorme, a realidade do meu sentimento era agora perturbadora. Significava que eu não precisava sair à rua pregando o separatismo: eu já estava, de fato, separado do Brasil.

Naquela época, passagem dos anos 80 para os 90, esse tema do “país à parte” estava mais uma vez em voga, e não se poderia encontrar em outra região do país, como ainda hoje não se pode, um povo mais ocupado em questionar a própria identidade que o riograndense. Com isso, o gauchismo e os movimentos separatistas estavam em alta, estes últimos a reboque dos freqüentes protestos de políticos contra o governo federal pela precária situação econômica do estado, manifestações que, muitas vezes, traziam à tona a retórica dos revolucionários do século XIX.

Abro parêntese para comentar o que chamei de gauchismo.

É difícil que as regiões se conheçam bem em um país tão grande como o Brasil. Acabam sempre lançando mão de estereótipos e fixando uma imagem imprecisa umas das outras. A mídia nacional, situada no centro geográfico, enfrenta a mesma dificuldade e, ao tentar dar conta da diversidade, adota os estereótipos regionais, o que termina por reforçá-los. Neste processo, distorções muitas vezes se estabelecem como definições de cores locais.

A palavra gaúcho é, hoje em dia, um gentílico que designa os habitantes do Rio Grande do Sul, e o estereótipo do gaúcho é um dos mais difundidos nacionalmente, se não o mais difundido: misto de homem do campo e herói, que o escritor brasileiro Euclides da Cunha, em seu clássico Os Sertões, definiu como essa existência-quase-romanesca. Popularmente, é visto como valente, machista, bravateiro; um tipo que está sempre vestido a caráter e às voltas com o cavalo, o churrasco e o chimarrão.

Originalmente, gaúcho é o rio-grandense do interior, que trabalha a cavalo em fazendas de criação de gado, o mesmo personagem que, no passado, participou das guerras e revoluções em que o estado se envolveu. É um tipo comum aos vizinhos Uruguai e Argentina, com a diferença de que nesses países gaucho (gaúcho) é simplesmente o homem do campo, nunca um gentílico que designe os habitantes dos centros urbanos. É significativo que, no variado leque de tipos regionais brasileiros, esse mesmo gaúcho tenha se estabelecido como marca de representação de todos os rio-grandenses, justamente ele, que nos vincula aos países vizinhos, que nos “estrangeiriza”.

Já o gauchismo ou tradicionalismo é um amplo movimento organizado que, transitando entre a realidade da vida campeira e seu estereótipo, procura difundir em toda parte o que considera a cultura do gaúcho. O empenho de grupos tradicionalistas em legitimar esse personagem e seu mundo como nossa verdadeira identidade, e a vinculação histórica do gaúcho aos heróis da Guerra dos Farrapos contribuem de forma decisiva para que o estereótipo seja largamente assumido pelos rio-grandenses como imagem de representação. No estado e no país quase já não se fala em rio-grandense, mas em gaúcho.

À parte sua real significação, o gaúcho é um símbolo que, em especial nos momentos em que a auto-afirmação se faz necessária, está sempre à mão, assim como o sentimento separatista.

Falando em identidade e separação, fecho parêntese e volto a Copacabana.

Um carnaval acontecer e ser noticiado com tanta naturalidade em pleno junho me levou a pensar nas regiões do “calor” brasileiro, sua gente e seus costumes, e a conectá-las com o cotidiano do Rio de Janeiro. O espírito da festa podia não repercutir em mim, mas certamente repercutia na maior parte da minha vizinhança carioca e Brasil acima. Apesar de toda a diversidade, eu via no Brasil tropical (generalizo assim para me referir ao Brasil excetuando sua porção subtropical, a Região Sul) linguagens, gostos e comportamentos comuns como sua face mais visível. Sua arte, sua expressão popular trazia sempre como pano de fundo o apelo irresistível da rua, onde o múltiplo, o variado, a mistura que a rua evoca ganhavam forma, sendo a música e o ritmo invariavelmente um convite à festa, à dança e à alegria de uma gente expansiva e agregadora. Havia, de fato, uma estética que se adequava perfeitamente ao clichê do Brasil tropical. E se não se poderia afirmar que ela unificava os brasileiros, uma coisa era certa: nós, do extremo sul, éramos os que menos contribuíam para que ela fosse o que era. O que correspondia tão bem à idéia corrente de brasilidade, falava de nós, mas dizia muito pouco, nunca o fundamental a nosso respeito. Ficava claro porque nos sentíamos os mais diferentes em um país feito de diferenças.

Se minha identidade, de repente, era uma incerteza, por outro lado, ao presenciar as imagens do frio serem transmitidas como algo verdadeiramente estranho àquele contexto tropical (atenção: o telejornal era transmitido para todo o país) uma obviedade se impunha como certeza significativa: o frio é um grande diferencial entre nós e os “brasileiros”. E o tamanho da diferença que ele representa vai além do fato de que em nenhum lugar do Brasil sente-se tanto frio como no Sul. Por ser emblema de um clima de estações bem definidas – e de nossas próprias, íntimas estações; por determinar nossa cultura, nossos hábitos, ou movimentar nossa economia; por estar identificado com a nossa paisagem; por ambientar tanto o gaúcho existência-quase-romanesca, como também o rio-grandense e tudo o que não lhe é estranho; por isso tudo é que o frio, independente de não ser exclusivamente nosso, nos distingue das outras regiões do Brasil. O frio, fenômeno natural sempre presente na pauta da mídia nacional e, ao mesmo tempo, metáfora capaz de falar de nós de forma abrangente e definidora, simboliza o Rio Grande do Sul e é simbolizado por ele.

Precisamos de uma estética do frio, pensei. Havia uma estética que parecia mesmo unificar os brasileiros, uma estética para a qual nós, do extremo sul, contribuíamos minimamente; havia uma idéia corrente de brasilidade que dizia muito pouco, nunca o fundamental de nós. Sentíamo-nos os mais diferentes em um país feito de diferenças. Mas como éramos? De que forma nos expressávamos mais completa e verdadeiramente? O escritor argentino Jorge Luís Borges, que está enterrado aqui em Genebra, escreveu: a arte deve ser como um espelho que nos revela a própria face. Apesar de nossas contrapartidas frias, ainda não fôramos capazes de engendrar uma estética do frio que revelasse a nossa própria face."

Texto de Vítor Ramil

www.vitorramil.com.br


quarta-feira, 6 de julho de 2011

Diário Hangar - Junho 2011


De volta ao sul...

Como prometido, não ficaremos muito tempo sem escrever nosso diário. Então vamos por a memória no "modo ativo" e lembrar nossas viagens no mês de junho de 2011.

Depois de alguns dias em casa, voltei a São Paulo no início do mês de junho para alguns compromissos com a banda e pessoais. Nosso próximo workshow seria no Rio Grande do Sul, na cidade de Panambi, a cerca de 350 quilômetros de Porto Alegre. Como sempre, esperamos o Infallibus que vem de Mococa com o Fábio e nosso novo motorista, Sebastião Telles. O Telles já havia viajado conosco para o Rio de Janeiro e está começando a se acostumar com a turma. Como ele é o mais novo na equipe, lógico que ele não iria passar batido pelas brincadeiras com o seu nome: Tevez, Celso, Térbio, Telecelso, Treves, Trelles, Tião foram algumas das alcunhas que ele recebeu e recebe até hoje nas viagens. A gente ainda não sabe direito se ele leva na brincadeira ou não porque simplesmente não conseguimos entender o que ele fala. O Telles não fala, resmunga... De vez em quando ele chama meu nome e ouço atentamente, mas geralmente preciso ouvir umas duas vezes. Ele é gente boa, bonachão e ainda tem um pescoço tão grande que o Aquiles diz que ele não consegue enxergar muito para os lados... heheheh. A visão periférica dele é prejudicada. Claro, tudo não passa de brincadeira com nosso motora, que tem a responsabilidade de nos levar nessas viagens longas pelo Brasil.

Panambi

Saímos de São Paulo na sexta-feira, dia 03, em direção ao sul. Seriam 1000 quilômetros até Panambi, em uma viagem longa, cansativa e perigosa. Rumo ao centro-norte do Rio Grande do Sul, a viagem seguiu pelo meio da região sul, ao contrário do caminho costumeiro pelo litoral, via Florianópolis e Porto Alegre. Para falar deste workshow vou voltar no tempo... Quatro meses atrás recebi um e-mail do Aquiles sobre uma escola na cidade que pretendia fazer um evento no mês de junho. Entrei em contato com a pessoa e começamos a negociar. O nome dele: Lorival ou "Loriva Batera", sugestivo? No decorrer das conversas o Lorival explicou-me que na cidade havia uma escola chamada "Escola de Talentos de Panambi". A escola era provida pelo Rotary Club e pela Secretaria Municipal de Cultura. Enquanto o Rotary comprava os instrumentos, a Prefeitura pagava os professores e os locais de sala de aula. De volta à viagem, logo na saída começamos a assistir o primeiro episódio da série Prison Break... O Aquiles levou a caixa completa de DVDs... Foi Prison Break a viagem inteira... O pessoal não aguentava mais as aventuras de Michael Scofield tentando salvar seu irmão Lincoln da cadeia de Fox River. Durante o dia e noite de viagem, nomes como a da Dra. Sara, Fernando Sucre, T Bag, Abruzzi, Veronica, o malvado Bellic e o temido Fibonnacci ficaram próximos da gente... Uma overdose de capítulos de Prison Break, melhor assim do que nada pra fazer.

Chegamos às 22h em Panambi com um frio de 5 graus. Inverno gaúcho de rasgar a pele. Frio mesmo! Fomos para o hotel e nos acomodamos para o dia seguinte. No meu quarto o ar quente não estava funcionando e como o hotel estava lotado, não pude ser acomodado em outro quarto. O workshow aconteceu em uma escola, o Colégio Evangélico de Panambi. O pessoal da equipe seguiu cedo para o Colégio, pois o evento seria às 16hs. Às 11 da manhã saímos em direção ao centro da cidade na companhia do Loriva, sua esposa Josie e o guitarrista Duda Beck, os três professores da escola. Chegamos à Escola de Talentos, onde uma pequena banda formada por meninos na faixa de 14 anos de idade nos esperava. Eram alunos dos professores Loriva e Duda, e prepararam uma pequena apresentação para nós. No formato bateria, baixo, teclado e duas guitarras, tocaram vários clássicos do rock como Highway to Hell, Jump e Born to be Wild. Ficamos todos emocionados com a homenagem. Um dos meninos, o baterista, era deficiente visual, o que fez a gente ficar mais ainda sensibilizado pelo momento. Uma cidade com 40 mil habitantes tem uma escola que ensina música para 520 crianças gratuitamente. Pensando nisso, concluímos de que alguma coisa realmente está errada neste país...

No final de manhã, chegamos ao local do workshow, um salão grande com um palco em três níveis. Muito bom, mas um frio tremendo. Passamos o som e logo fomos para o almoço, que foi servido no colégio mesmo, em um salão bem rústico e aconchegante, equipado com churrasqueiras e mesas pesadas. A esta altura nosso amigo Mauriel Ourique já estava na cidade e saímos para conversar e prosear em busca de pilhas para os microfones. Depois do almoço alguns voltaram para o hotel, mas eu acabei ficando direto até a hora do evento.

O workshow começou pontualmente às 16 horas e mesmo com frio de 5 graus o ginásio estava lotado. Além do pessoal da cidade tivemos muitas pessoas de cidades vizinhas como Cruz Alta e Ijuí. A Débora Reoly esteve presente para cobrir o evento e realizar uma entrevista para o Whiplash, que eu mesmo acabei fazendo depois do workshow e também nossos amigos Joana Frota (que prometeu um dia entrevistar a banda, sabe-se lá quando,rsrsrs) e o namorado Cilas e a Kitty Rigoli como sempre nos prestigiando.. Mesmo com sol o frio era intenso, acho que a tarde fazia uns 10 graus, no máximo. Divertimos-nos bastante com as perguntas dos presentes, a maioria músicos de todas as idades. Encontramos o Charlei Haas, nosso velho conhecido de outros shows passados na região e, sendo um ótimo fotógrafo, acabou trabalhando a tarde toda na cobertura do evento. Depois da sessão de autógrafos costumeira já era quase hora da janta. No mesmo local, saboreamos um churrasco, enquanto a noite caía na cidade e a temperatura despencava para 3 ou 4 graus. Tivemos a recepção do pessoal da Secretaria de Cultura, do Rotary Club e também da Prefeitura de Panambi. Foi um jantar diferente. Acho que sentimos que estávamos fazendo um trabalho em prol da cidade, levando música para aquelas pessoas da Escola que nos viam como exemplo a seguir. Isso ficou claro no pequeno discurso da Secretária de Educação, a Sra. Elenir Winck, que falou exatamente sobre a importância de estarmos ali neste dia. Mais uma lição e nos sentimos muito bem com esta nova perspectiva que vai além de uma simples banda de heavy metal, mas engloba também toda a parte educacional e pedagógica que envolve um evento como o que fazemos. Muito bom. O Aquiles falou em nosso nome desejando a todos muita sorte e agradeceu a oportunidade de mostrarmos esse nosso lado, digamos, mais "pessoa" do que "bicho", como costumamos brincar. Inesquecível. Como a janta foi cedo, o Charlei Haas, nosso cicerone na cidade nos convidou para conhecer o único pub do local, o Mr John, onde haveria uma grande noite "sertaneja" com música ao vivo e tudo mais. Depois de uma rápida passagem pelo hotel para um banho, Aquiles, Fábio, Daniel, Guilherme, o Rodrigo e eu nos dirigimos ao pub, lá pelas 22 horas. O frio era coisa de enlouquecer. No pub, fomos levados ao camarote para curtir a noite sertaneja junto com o Charlei e conversando com a rapaziada que timidamente se aproximava. Depois de algum tempo o teor alcoólico subiu um pouco e naturalmente as brincadeiras inconsequentes apareceram. Na volta para o hotel tomamos um taxi, que em Panambi custa R$10,00 para qualquer lugar que você queira ir. Éramos sete pessoas dentro do carro e amontoados na parte traseira o Aquiles conseguiu me dar uma cotovelada que quase me levou a nocaute. Meu cérebro ficou solto dentro do crânio, rsrsrs... Sim, quase fui a nocaute técnico e ninguém notou. Naquela gritaria ninguém percebeu e eu demorei uns bons segundos para voltar da "viagem"... rs. As velhas brincadeiras estúpidas que a gente faz quando está "high".

Montenegro

Saímos de Panambi no domingo e seguimos para a minha casa, onde ficamos no domingo todo e aproveitamos pra curtir o frio de Gravataí com um vinho típico da terra... Na segunda-feira o Fábio fez novamente um workshop na Escola Tio Zequinha, enquanto o Aquiles e eu seguimos para uma janta com o pessoal da Harman, nossos amigos Fábio Floriani e Richard Powell. É sempre bom bater um papo com as pessoas que compraram a nossa idéia maluca de perambular no Brasil todo com um ônibus patrocinado por eles. Na terça-feira pela manhã rumamos para Montenegro, pequena cidade a cerca de 60 quilômetros de Gravataí. O dia amanheceu com chuva e assim ficou até a outra manhã. Frio de 10 graus e chuva fina em cima. Foi um dia cinzento mesmo. Descarregar o ônibus no Teatro com este clima foi maçante. O pessoal da Art Som, Ademir e Vítor, já estavam nos esperando. A última vez que estivemos ali foi em agosto de 2008, aliás, foi a minha primeira viagem com o Aquiles, exatamente em Montenegro. A chuva não cessou, o que reduziu um pouco o público. Ainda assim, foi uma noite quente de metal. A sessão de perguntas foi bem produtiva e nos divertimos muito. Encerramos a noite no bar Cordel, onde jantamos acompanhados pela voz e violão da cantora Simone Schuster, que mandou muito bem vários clássicos do rock. Um vinho ajudou na digestão nas risadas, e o Aquiles acabou pedindo uma música da "Adele", sendo prontamente atendido pela cantora. Ficamos de voltar para fazer um acústico no Cordel em setembro, pode ser que aconteça.

Osório

Voltamos para Gravataí na quarta-feira pela manhã, passando antes na Harman para mais uma reunião, desta vez com o pessoal da diretoria e do marketing. É muito bom ver que estamos alinhados com as ideias deles nesta nova fase. Pra quem não sabe, a Harman, empresa de capital estrangeiro, incorporou a Selenium, nossa antiga parceira. Quinta-feira foi dia do Aquiles dar aulas no Batera Store de Porto Alegre. No dia seguinte fomos a Novo Hamburgo fechar uma data de workshow para setembro e encontramos o Rodrigo da Urban Boards, nosso grande amigo. Sábado à noite, ainda com frio, fizemos um churrasco na minha casa, com todos os presentes menos o Fábio que foi até Criciúma gravar o disco do nosso amigo Thiago "Hommer" Daminelli. Domingo pela manhã seguimos cedo para Osório, pequena cidade no litoral gaúcho. Quem nos aguardava lá era o Newton Arboitem, da loja Roll Over. O Newton se encarregou de fechar com a Secretaria Municipal de Cultura o show do Hangar em um lugar muito legal chamado Largo dos Estudantes. É um lugar que antigamente era a céu aberto, mas agora conta com uma cobertura e climatização. Fomos muito bem recebidos por todos, em especial pelo Newton e pela sua esposa, Lara. O clima foi tão bom que nos divertimos bastante durante o show. Teve até um pequeno discurso da Secretária de Cultura no meio do show... Acho que estamos virando experts neste tipo de evento, onde as pessoas da cultura da cidade se identificam com a nossa mensagem, assim como os fãs da banda. Foi uma noite agradável. Depois do show fomos jantar e contar "histórias de rock" conforme alguém acabou se referindo. O Newton e esposa são figuras ímpares, merecedores do rótulo de sucesso. Parabéns a eles. Vamos voltar a Osório em setembro ou outubro para um workshop de bateria do Aquiles e algumas aulas. Por volta da meia noite me despedi dos companheiros que rumaram para São Paulo enquanto eu voltava para casa em Gravataí. Foi uma semana intensa com muitas surpresas.

Este é um resumo de nossas aventuras de junho de 2011. Em breve vamos falar de julho, da nossa visita a Goiânia, onde tatuamos nossos corpos e fizemos o “Pain Day” do Hangar. Reportarei os shows em Goiânia, São José dos Campos, Paraguaçu Paulista e no SESC Pompeia. Tudo com os devidos detalhes, como sempre. Espero que vocês gostem e continuem seguindo nossas aventuras.

Texto : Mello

Revisão : Laguna

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Diário Hangar - Maio 2011


O episódio Dream Theater e a audição do Aquiles.

Cada vez que publicamos o diário de nossas aventuras costumamos receber várias mensagens de apoio e de consideração de pessoas que nos acompanham elogiando muito a sinceridade e a abertura que damos as pessoas de nos conhecerem como banda e também como indivíduos. Não escondemos praticamente nada e isto cativa muitos de nossos seguidores, fãs e amigos. Seguindo esse perfil, não poderia deixar de escrever sobre este episódio que marcou muito a nossa carreira, mais em particular a de um dos nossos integrantes mais queridos, o Aquiles.

Começo pelo ano de 1992. As paradas eram dominadas por grupos como Guns’n’Roses, Skid Row e até mesmo o Iron Maiden com a sua famosa “balada” Wasting Love. Eu vinha de outra geração, acostumada à repressão contra a música “pesada” que dividia o espaço com o “progressivo”, palavra que deixou de ser usada hoje ou foi substituída por “prog” ou “prog power”. As grandes bandas ainda eram o Led Zeppelin, Deep Purple, Rush, Yes, Pink Floyd, etc. Foi aí que li em uma Rock Brigade de 92 uma nota sobre uma banda nova dizendo exatamente assim: ”uma mistura de Metallica, Rush e Yes com uma sonoridade atual”. A nota não tinha mais que uns 10 centímetros e trazia uma foto da banda e os dizeres “Dream Theater”. Corri para a loja “Megaforce” e perguntei pela banda. O Ademir, dono do lugar, me trouxe uma “fita cassete”. Você que está lendo sabe o que é uma “fita cassete”? Na época não existia CD nem downloads e a internet comercial demoraria mais cinco anos pra chegar ao Brasil. Sai com a fita e escutei pela primeira vez o “Images and Words”. Eu já tocava e a entrada do DT na minha vida causou um impacto muito forte. A banda representava a modernidade para o som que costumava escutar de bandas dos anos 70, principalmente o Yes, que eu particularmente venerava. A abordagem moderna dos músicos, as letras inteligentes, os arranjos eram tudo que eu e vários amigos que se somaram na cidade gostavam de ouvir. A banda se tornou uma referência. Esta admiração seguiu durante os anos em todos os CDs lançados pela banda. Em 99, quando entrei para o Hangar encontrei o Michael, outro “dreamtheatermaníaco”. Embora não fosse uma influência tão clara para o Hangar, era inquestionável a admiração pela banda e seus músicos. Passamos a tocar um “medley” deles. Sim, os “medleys” já existiam para o Hangar desde 99, era um do DT e outro do Pantera. Não lembro bem mas acho que tocávamos “Pull Me Under, Metropolis e Under a Glass Moon”. Mais ou menos uns 12 minutos de música. Também tocávamos “Burning my Soul”. Assim como o Aquiles tem uma grande admiração por um baixista chamado Steve Harris, o contrário acabou acontecendo comigo, Mike Portnoy acabou se tornando um ícone pra mim durante estes anos. Ele representava tudo aquilo que o DT tocava. Chegou 2008 e o DT iria tocar no Brasil em três cidades e por escolha própria decidiria quem iria abrir os seus shows. Fiquei monitorando nosso email diariamente, até que apareceu lá o convite assinado pelo próprio Mike Portnoy, convidando o Hangar para tocar em março de 2008 no show em São Paulo. Lembro que sai falando alto pela casa, a emoção foi muito grande. No dia do show tive a oportunidade de conhecer os caras que sempre admirei. Rudess sempre brincando, sendo acolhedor. Petrucci na posição de “guitar hero”, falando sobre equipamentos com o Martinez, Myung simplesmente falando somente “Hi” e mais nada e o falastrão e aparentemente líder do grupo, Mike Portnoy, que me falou que adorava Iron Maiden assim como nós, que costumeiramente tocamos Iron em nossos shows. Neste dia inclusive o Aquiles entrevistou o Portnoy para uma revista nacional. O dia foi perfeito e o show mais ainda. Tive a oportunidade de levar o Lucas, meu filho, outro apaixonado pela banda a este show em São Paulo e nada como realizar o sonho de um filho. Ele saiu extasiado de lá ao ver seus ídolos tão de perto. Todo estes parágrafos iniciais ilustram um pouco do significado e das palavras seguintes.

Hangar e Dream Theater têm alguma coisa em comum?

No ínicio de setembro todos da comunidade musical tiveram a noticia surpresa de que Mike Portnoy estava deixando a sua banda. Quando li a “news” liguei imediatamente pro Lucas pra contar. Ele ficou muito chateado, mas enfim são coisas que acontecem e ficamos conversando sobre os porquês e afins de tal verdade. Passaram-se alguns dias e mais uma vez eu estava em casa tocando com o meu filho no estúdio e o assunto voltou a tona. Mas quem poderá substituir o cara na banda? Lembro que brincando falei: ”faz uns quatro ou cinco dias que o Aquiles não me manda e-mail, isso é estranho, tem alguma coisa no ar, rsrsrsrs”. Um deja vu de 2000 quando da entrada dele no Angra me subiu a mente... Viajei para Tatuí onde nos encontramos para os ensaios do acústico para e Expo 2010.

Todas as bandas tem altos e baixos, momentos legais e outros nem tantos. Em setembro estavamos em um impasse sobre o que tínhamos feito até o momento com a tour do Infallible. Quando se tem uma banda assim com uma estrutura como a do Hangar as coisas ou se tornam imensamente mais fáceis ou imensamente mais difíceis. Fazer metal no Brasil requer uma carga enorme de paciência, investimento e a resposta pode não ser a que você realmente merece. Isso é um fato. Naquela semana começamos a conversar sobre o futuro e eu tinha a sensação de que a nossa missão como banda já estava cumprida. Posições fortes sobre esta questão de sobrevivência no mercado... Temos famílias, obrigações e não somente a festa que as pessoas veem no palco. A esta altura depois de falarmos muito finalmente o Aquiles começou a falar. Quando ele disse: “vocês sabem que o Portnoy saiu do DT? Recebi um email...”. Enquanto o Aquiles tentava contar, nós não conseguiamos parar de rir. Um riso de satisfação, alegria, endorfinas a mil...

Por todos os problemas que falamos naquela noite a sensação após aquela notícia para mim era que “tudo tem um objetivo”. Talvez a banda tivesse que chegar até aqui para que outra coisa acontecesse mais adiante. Meu sentimento era de que “talvez estes 13 anos tivessem sido exatamente para vivermos este momento” e que se tudo terminasse ali teria valido muito a pena.

A noite foi pequena para a banda em Tatui. Conversamos muito sobre o que iriamos fazer e acabamos indo comemorar em um bar na cidade onde faltaram cervejas e “sex on the beach”. Naquela altura do campeonato ninguém tinha a exata noção de como seria a audição e quantas pessoas eles chamariam. Eu imaginei que seriam dois ou três nomes, o que elevaria consideravelmente a possibilidade do Aquiles ser chamado. Traçamos alguns objetivos e decidimos deixar o tempo passar pra ver o que iria acontecer. Desmarcamos alguns compromissos e deixamos o Aquiles a vontade para estudar e ensaiar as três músicas da audição. Nada seria mais importante do que o futuro dele naquele momento. Uma das coisas que carrego comigo e espero que a banda sempre pense assim, é que a amizade e o respeito venham em primeiro lugar. Visualizar a consolidação da carreira de um de nós de maneira grandiosa seria um grande feito e orgulho para todos, que começamos pequeninos lá nas nossas garagens a “brincar de rock”. Durante a Expo lembro que estávamos eu, o Aquiles e o Rafael Dias do Batera Store saindo da casa do Aquiles de carro e ele recebeu um email do Petrucci. O primeiro contato de um membro da banda. Após a Expo, em setembro marcamos somente um show no inicio de novembro e deixamos o Aquiles completamente à vontade para estudar.

Embora quase que isolado em Tatuí estudando, mantive contatos esporádicos para saber como ele estava e a expectativa. O visto não saia nunca e mesmo com a confirmação por carta da produção do DT e da gravadora. A solução foi um agendamento em Recife cinco dias antes da viagem, já confirmada com passagem e estadia. Este momento de stress com certeza foi pesado.

Ficamos meses sem poder falar abertamente sobre este assunto. Além da minha família, apenas o Rafael Dias e o Marcelo Rodrigues (outro grande amigo e DTmaníaco) e o Michael Polchowicz ficaram sabendo da novidade. Mesmo assim era algo dificil de esconder, na Expomusic o boato foi espalhado por muita gente, mas nunca confirmado. No dia da audição, exatamente na hora precisa lembro que o meu filho me ligou e disse “não vai ser fácil, mas o Aquiles é um “cara de banda” e não um cara de “clínicas”, e ele merece por toda a sua história e somos poucos mas estamos aqui torcendo como se não houvesse amanhã...”. Eu desliguei o fone e pensei: “mas de onde este “guri” tirou esta frase???” Vai ver herdou alguma coisa do pai... hauhua.

Após uns dois dias da chegada do Aquiles no Brasil ele passou um email contando a experiência. Um email com varias páginas, extenso, como ele não costuma fazer, geralmente prefere mensagnes curtas e objetivas. Entendi aquilo como um desabafo , ele precisava contar a experiência. Depois no telefone ele admitiu que já sabia que não seria ele. Que ele não havia se sentido confortável tocando os novos Odd time signatures, etc...Nestas horas lógico que a pessoa sente o momento e sabe se existiu a química perfeita ou não.

Abril e os vídeos

Seria redundante falar sobre os meses que se seguiram após outubro e novembro. Na real pelos indícios e notícias todos da banda e do mundo musical lá fora já sabiam que o provável indicado seria o Mike Mangini. Isso ficou bem evidente após a Namm em janeiro de 2011. Nestes meses uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a imensa corrente positiva que se fez em torno da escolha do Aquiles. Muitas pessoas calcadas nos boatos aderiram a campanha pró Aquiles no DT. Isso foi muito positivo. Pessoalmente achei a edição dos vídeos de acordo com o resultado, embora um pouco injusta com alguns bateras, mas isso com certeza com o passar do tempo irá ser ajustado quando mais imagens vierem a tona.

Como toda árvore que se planta e dá frutos, resta ao Aquiles colher os frutos da experiência que com certeza se estenderão para sempre na sua carreira e à banda, tentar fazer um bom suco de gosto doce a aprázivel com estes mesmos frutos. Não há como não se orgulhar desta experiência. Para a banda foi um momento marcante. Sempre falamos que se acontece algo para um de nós é como se acontecesse para si próprio. Nos colocamos no lugar do outro e sentimos e vibramos com nossos avanços, sentimentos, vontades e vitórias. Neste episódio não foi diferente.

A vida continua, ao alto e avante.

Seguimos adiante com os shows e chegamos ao Rio de Janeiro no dia 07 de maio. Muita gente já tinha me falado que o Rio vive uma crise de shows com a falta de lugares apropriados para os eventos. Nosso show aconteceu na Lona Cultural de Campo Grande, cerca de 30 ou 40 km distante do centro da cidade. Fomos acolhidos com muito carinho pelo pessoal da produção. O Bruno Borurguignon e sua equipe foram maravilhosos. Ficamos em uma pousada muito legal próxima ao local do show e rolou tudo tranquilo. Tivemos a oportunidade de reencontrar nossos amigos William , Joyce, Jorge Henrique, Dingo, Victor e Fernandinha. O William passou o dia conosco, pois mora muito perto. Ele ajudou a encontrar uma lan house para imprimir o set list. Acompanhou todo o processo da chegada até a hora de irmos embora. Fizemos um grande show para nossos amigos cariocas e esperamos em breve poder voltar à cidade.

Bebedouro

Dia 13 viajamos para Bebedouro onde realizamos um workshow no Teatro Municipal da cidade. Aqui cabe um parêntese. Cada vez mais estamos desbravando os teatros das cidades. Teatros municipais e do Sesc já tornaram-se uma constante na nossa agenda, o que faz a gente muito feliz. É mais uma conquista para o público de metal que consegue ver e ouvir um show com comodidade e qualidade. Fomos recebidos pelo grande amigo Rodrigo “Ganso”, vocalista da banda VersOver. Montamos todo o set e o público compareceu em grande número para o evento. No final o Rodrigo, a exemplo do que já havia acontecido na cidade de Catanduva, subiu ao palco e cantou “Master of Puppets” conosco. Uma grande festa.

Virada Cultural Paulista

Pelo quarto ano consecutivo fomos convidados a participar da VCP. Estivemos duas vezes em Caraguatatuba e uma vez em São Bernardo do Campo. Nas outras vezes dividimos o palco com o Sepultura e o CPM22. Recebi a carta convite para o evento deste ano e a cidade que nos esperava seria Presidente Prudente, a cerca de 500 quilômetros da capital. Com o passar do tempo comecei a ouvir rumores de que a banda que iria tocar conosco seria o Angra. Um mês depois recebi a confirmação. Lembro que estava no EMT em São Paulo e na saída encontrei o Rafael Bittencourt e após os cumprimentos normais falei para ele que as duas bandas iriam tocar juntas em maio e que seria legal que isso enfim acontecesse. Assim que falei isso a expressão dele mudou um pouco e ele ficou meio sério. Acho que ele não sabia desse show. Enfim, achei legal levar a informação embora não esperasse uma reação tão fechada. Após a liberação da noticia nos sites houve uma grande ocupação por parte dos fãs pelo encontro das duas bandas, em especial do Aquiles e do Fábio com o restante da banda que eles participaram por vários anos. Todos sabem os motivos e as causas do que isso representa. Na verdade nós não nos preocupamos muito com isso, apenas nos preparamos para um show que sabiamos que iria passar da casa das dez mil pessoas e como sempre levamos todo o nosso equipamento para evitarmos surpresas. Saímos de Bebedouro por volta das 3 da manhã e chegamos a Prudente às 8 horas. O palco já estava montado e pontualmente às 9h os carregadores chegaram e começamos a descer nosso equipo do Infallibus. Uma das coisas que eu tenho que valorizar é a nossa organização em dias de shows. É muito legal ver nosso equipamento em cima do palco completamente coberto por cases azuis com o logo “H” pintado em todos os lados e nossa equipe toda uniformizada com camisetas da “Infallible Crew”. Isso causa um certo impacto quando visto do lado de fora da banda. E foi o que aconteceu esse dia. Recebemos muitos elogios e total apoio da equipe da VCP local. Lembro que achei um papel atirado no chão na área verde entre o palco e os camarins e fiquei procurando uma lixeira. Acabei encontrando-a e minutos depois um senhor se dirigiu até mim e falou: ”fiquei observando e vim te dar os parabéns”. Não entendi nada e ele completou: “vocês chegam aqui, dão um show de organização e você que é um dos músicos da banda ainda fica procurando uma lixeira pra não deixar um papel no chão. Eu sou o Secretario de Cultura de Prudente e é um prazer recebê-los aqui e no que puder ajudar, pode me procurar.” Enquanto a Infallible Crew reforçada pelo iluminador Marcelo Mattos, vindo direto de Camboriú e Leonardo Ninello que estreava como técnico de guitarra, montavam a bateria e os amplificadores, a equipe do Angra chegou e começou o seu trabalho. Eram todos nossos conhecidos e o trabalho seguiu tranquilamente. A organização da VCP acabou antecipadamente nos colocando no melhor horário da noite, às 22hs30, com o auge de público, além de um camarim exclusivo, ao contrário das outras atrações que dividiam um camarim do outro lado da estrutura. Já na tarde, observava-se a movimentação no Parque do Povo, uma área verde enorme, praticamente o pulmão da cidade. Às 14hs, nos dirigimos para a passagem de som, que ocorreu tranquilamente e depois descemos para uma entrevista para a sucursal da Rede Globo na cidade, matéria que foi veículada no mesmo dia no jornal das 19 horas. Na tarde fomos recepcionados pelo nosso amigo Cezinha, que tem um programa de rádio na cidade e que promoveu nosso show no ano de 2009. Fomos até o shopping e almoçamos. A cidade parecia respirar música, muita gente de fora, Marilia, Paraguaçu Paulista, Mato Grosso e do norte do Paraná. Voltamos ao palco por volta das 21 horas para a preparação do show. Encontramos no backstage o grande baterista gaúcho Alexandre Fonseca que acompanhava a cantora Ana Canãs no evento. Levei-o até nosso camarim para encontrarmos com o Aquiles e ficamos trocando memórias sobre o tempo em que ele morava em Porto Alegre. A esta altura o backstage era uma tremenda confusão com entra e sai de pessoas da imprensa, produção e bandas. Nestes eventos sempre tento deixar a banda o mais a vontade possível e como não consigo ficar parado tento organizar tudo com a imprensa e convidados, filtrando os acessos para que tudo não vire uma grande desorganização. Como não temos um “manager”, acabo assumindo um pouco desta função. Assim, organizei a ordem para as entrevistas antes do show. Foram muitas mas bem legais, com muito bom humor envolvido. Faltando 30 minutos é hora de encerrar tudo e deixar todo mundo se aquecer e se concentrar no show. Com som e luz perfeitos e 17 mil pessoas na plateia não há como você não realizar um grande show. A energia do dia foi muito massa, todos na banda deram o máximo e eu via isso no sorriso de cada um enquanto a gente tocava. O Aquiles conseguiu estourar a pele da caixa, quebrar pedestal de prato, tocando com muita precisão e força e ao mesmo tempo com um grande sorriso. O Humberto, o Martinez e o Fábio mandaram ver com uma energia contagiante. O público respondia a cada música com uma força incrivel. Foi um grande momento para o Hangar. Nestas ocasiões, como bom nostálgico que sou, lembro-me do passado, do início em Porto Alegre, e ali estava a banda com 17 mil pessoas apoiando. A sensação de que não importava quem tocaria antes ou depois, nosso show seria o mesmo... No final tiramos uma foto para a posteridade e nos despedimos com os gritos de “Hangar” vindo do público entusiasmado. Dizer que foi sensacional é pouco. Descemos em direção ao camarim e ao backstage e nos recolhemos por alguns instantes para celebrar. Trocamos de roupa e saímos para atender a todos no backstage. A esta altura eu já estava falando com o pessoal da equipe para o desmonte do equipamento. Com uma área tão próxima, afinal era um festival, acabamos encontrando todas as bandas. Não foi diferente entre Hangar e Angra. O primeiro que encontrei foi o Rafael, nos cumprimentamos e desejei um ótimo show para ele. Depois, no meio da muvuca do backstage, encontrei o Felipe e o Edu Falaschi e os levei até nosso camarim para um breve olá. Nessa altura da carreira, mesmo com diferenças no passado, a maturidade de um reencontro, um cumprimento, uma palavra sobre qualquer assunto que seja são benvindos. Não há como deixar um passado para trás, ele faz parte do presente e sempre fará parte do futuro. E foi assim, com grandeza, que ficamos por alguns bons minutos conversando no camarim. Logo no início do show do Angra nos divertimos bastante com a busca ao celular do Aquiles perdido em algum lugar... Reviramos todo o camarim enquanto eu ligava e o mesmo tocava, mas não conseguíamos ouvi-lo. A solução foi procurar no palco e após uns 30 minutos o Aquiles encontrou o aparelho a cerca de 3 metros abaixo jogado na grama. Quando saimos do local em direção ao hotel, encontramos cerca de 200 pessoas em volta do Infallibus. O pessoal não conseguia colocar nosso equipamento no onibus e tivemos que chamar a galera para a parte da frente do Infallibus, enquanto as equipes de segurança da Virada faziam um corredor para que o equipo e o pessoal passassem e tivessem acesso ao bus. A festa continuou por um bom tempo madrugada a dentro. O hotel era bem próximo, mas consegui dormir cedo. No outro dia nos fomos para o teatro da cidade, onde fizemos um workshow completo, com apoio do nosso amigo Cezinha. Logo após o evento, seguimos de volta a São Paulo, de onde cada um partiu para as suas casas para um bom descanso.

Este foi o panorma dos meses de abril e maio, em breve estarei contando um pouco da aventura de junho em Panambi, Montenegro e Osório no Rio Grande do Sul, grandes surpresas e confusões como sempre..até breve.

Nando Mello

Revisão Fábio Laguna

*Foto ilustrativa, Hangar e Dream Theater em março de 2008.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Diário Hangar - Março/Abril 2011


Uma das reclamações constantes que recebo é que nosso diário demora muito a ser publicado, acumulando meses até a próxima publicação. Sendo assim, resolvi tentar escrevê-lo todo o final de cada mês a partir de março.

Hangar Day

Começamos nosso ano de 2011 muito bem em fevereiro e tínhamos a intenção que março fosse ao menos parecido. A meses planejávamos o Hangar Day e finalmente ele chegou. Os últimos dias de fevereiro foram intensos, uma correria, pois os candidatos enviavam vídeos a toda hora e, como sempre, fiquei como responsável de assisti-los e repassá-los ao pessoal da banda para avaliação. Meu critério de escolha foi além do vídeo, considerei a história de cada um com a música e a relação com a banda Hangar, se realmente era um fã e tal. No final da apuração tivemos algumas arestas a aparar porque ficamos em dúvida quanto a algumas escolhas. Decidimos que não seria mal nenhum em convidarmos três bateristas e dois guitarristas. Para vocal, tecladista e baixista optamos por somente um de cada. O resultado final foi divulgado no dia 4 de março e tive a preocupação de falar com todos os candidatos para realmente saber se eles estariam disponíveis para a data.

Viajei no dia 10 para São Paulo e começamos a trabalhar para o evento do dia 12. A produção era toda do Hangar então os esforços foram dobrados. Tivemos o apoio da Free Note que esteve conosco em todo o evento, da divulgação até o fechamento do Blackmore na madrugada do dia 13. Sem a presença do Vinicius e do Zé, não conseguiríamos chegar ao sucesso no projeto. Na manhã do dia 12 enquanto nossa equipe montava o equipamento , os vencedores começavam a chegar. Primeiro foi o Jarlysson, baterista de Santarém, no Pará, e o Vítor, guitarrista de Cachoeirinha, Rio Grande do Sul. Depois chegou o Thiago Bonga, baixista de Salvador, Bahia e o Rafa Dachary, baterista de Ijuí, mas que mora em Florianópolis, Santa Catarina. Tímidos, todos pareciam meio assustados com a quantidade de equipamentos e pela proximidade com a banda. Os demais selecionados seguiram direto para o local do almoço. Chegamos por volta da uma da tarde e encontramos o Díogenes Lima, tecladista natural de Passo Fundo, mas morador do Guarujá, São Paulo e a Monica Souza, vocalista de Porto Alegre. A Mônica, de tão empolgada que estava, acabou levando sua banda inteira para São Paulo para apoiar a sua performance. No almoço recebemos a visita da equipe do Stay Heavy. Como sempre nossos amigos Vinicius e Cintia Diniz foram muito atenciosos e fizeram a cobertura completa, do almoço até o show, para um programa especial que irá ao ar no próximo mês. Todos bem humorados e alegres com a participação e a festa que estava acontecendo. Almoçamos e voltamos direto para o Blackmore. Acompanhamos o restante da montagem e esperamos a passagem de som. Geralmente nossa "passagem de som" não demora muito, no máximo três a quatro músicas, quando precisamos. Nesta tarde tudo foi diferente. Eram "sete" pessoas que nunca haviam tocado conosco. A esta altura o Ivo, guitarrista de Santos, São Paulo, se juntou a nós, já que por motivos particulares não havia comparecido ao almoço. Tocamos com nossos convidados as sete músicas nas quais iriam dividir o palco conosco. Depois passamos mais quatro ou cinco músicas sozinhos. Saímos desta fase já cansados, pois tocamos cerca de 11 ou 12 músicas. Já passava das seis da tarde quando o pessoal da banda foi para casa descansar, tomar banho, etc... Enquanto nossos convidados, como bons turistas, foram conhecer o Shopping Ibirapuera, próximo do Blackmore. Tive que ficar no bar para arrumar todos os banners e material de divulgação e merchandising com o pessoal da Free Note. Aliás, neste dia fizemos a estréia da nossa nova componente na equipe, a máquina de cartões da Cielo. Sim, a Cielo está conosco agora e não tem como não levar alguma coisa do merchandising do Hangar, ficou muito fácil: se não tem grana, passa o cartão, rsrsrs. Já havia fila na porta do Bar. Pessoas tirando fotos com o Infallibus, como se ele fosse um grande herói do metal nacional, ou coisa assim... ahaaaaaaa, massa.

Eu já tava mais que cansado, desde as oito da manhã na correria, mas a festa estava acima de tudo e era um grande dia para todos nós. Pelas dez da noite o Blackmore estava lotado, muita gente com a camiseta do Hangar, amigos, fãs, todos presentes para celebrar. Às onze e meia começaríamos o show e fui atrás de todos os participantes para avisá-los. Havia uma ordem de apresentação, o que significava que teríamos que estar bem organizados. Não havia mestre de cerimônia, então combinamos que a apresentação inicial ficaria a cargo do Aquiles e depois sucessivamente eu, Martinez, Fábio e Humberto entraríamos um a um no palco e depois cada integrante chamaria os vencedores do consurso para tocar junto com a banda. Visivelmente emocionado, o Aquiles subiu no palco e deu ínicio ao show. Falando da trajetória da banda, todos puderam ver que seus olhos brilhavam ao ver mais de 400 pessoas, dezenas com o "H" no peito. Mais do que uma atitude inédita no Brasil, o "Hangar Day" foi um marco. Evidenciando o quanto estávamos contentes com aquele dia, o Aquiles fez um discurso memorável e emocionante, no maior estilo "pastor metal" e foi chamando um a um demais os integrantes da banda. Quando ele chamou o Humberto e a banda ficou completa, o Blackmore literalmente "caiu". Paramos tudo e ficamos olhando a galera aplaudindo e gritando... memorável. O Aquiles chamou o primeiro selecionado a participar, o Jarlyssom, que entrou no palco e tocou conosco a "Some Light To Find My Way"; depois entrou o Rafa e tocou a mesma música. Na sequência foi a vez do Thiago Bonga tocar "Solitary Mind" e do Ivo e do Vitor tocarem "Collorblind"; depois a Mônica cantou "Time to Forget" e o Diógenes Lima tocou "Infallible Emperor". Pela primeira vez pude ver a banda tocando de longe, com outro baixista, uma sensação no mínimo estranha... rsrs. As participações foram muito bem recebidas pelo público. Todo mundo entendeu a brincadeira "séria" que era aquilo. Alguns participantes eram bem experientes, outros nem tanto, e mesmo assim todos se saíram muito bem. Depois da apresentação individual dos candidatos, todos voltaram ao palco para tocar “The Reason Of Your Conviction”. Estavam emocionados por poderem participar e tocar para várias pessoas em um palco junto conosco. Após estas oito músicas, reunimos toda a galera para as fotos, agradecemos pelo momento e seguimos com o nosso show. Confesso que estava bem cansado do dia todo, mesmo assim, ainda tivemos forças para tocar várias músicas. Uma das coisas legais deste dia foi que pela primeira vez estava tocando com meu novo set de amplificadores e caixas da SWR, uma empresa ligada a Fender. Um ampli fora de série, que fez com que o som de baixo desse um “up” sensacional. Na real, era a primeira vez que tocávamos juntos com as novas guitas “Jackson” do Martinez, os teclados “Korg” do Fábio, meu ampli “SWR” e o Aquiles voltando com a sua “Mapex Deep Forest”, agora pintada de vermelho. O som da banda estava diferente mesmo! Era muita coisa nova ao mesmo tempo... Mais para o final da nossa apresentação sentimos o Aquiles meio mal no palco. Realmente ele estava bastante enjoado e começou a ficar pálido. Talvez tenha sido alguma azeitona no almoço, rsrs. Vai saber... Acabamos cortando duas músicas do set. Nos despedimos e depois de alguns minutos no camarim, onde realmente o Aquiles passou mal, fomos ao encontro dos convidados e fãs para conversas, fotos, autógrafos, etc...

Uma lista incontável de amigos compareceu (e lógico que vou acabar esquecendo-me de alguém): Marina Dickinson, João Duarte, Vanessa Doi, Maria Carolina Angeli, César Pereira, André e Sá, Claudinho Medina, Edi, Glaucy, Roger, Paulinha, Wallace, Moacir, Jully, Ana, Pry e Damáris, Sanedi, Jandira, Felipe, Samara e mais 400 pessoas que estavam lá. Agradeço também a nossa equipe de apoio Daniel Pepe, Rodrigo Batata, Fábio Didi, Dinho e a incansável Bruna Fonte, que ajudou o tempo inteiro, sempre se colocando à disposição para todos os problemas... Ainda em tempo, agradeço ao Marcelo, da Pride Music, que esteve presente durante a passagem de som para que fizéssemos vídeos sobre nossos novos equipamentos SWR, Korg, DDrum e Jackson, o Vínicius e o Zé da Free Note e o pessoal do Blackmore e os vencedores do concurso Hangar Day, Mônica, Ivo, Vítor, Dio, Thiago, Rafa e Jarlysom pelo dia maravilhoso de confraternização. De maneira alguma alguém poderia imaginar que praticamente 14 anos após o surgimento a banda estaria em São Paulo comemorando um dia inteiro com o inédito Hangar Day. Foi muita emoção.

Curitiba

Após um merecido descanso até a noite de domingo, dia 13, preparamo-nos para mais uma viagem em direção ao sul. Nossa primeira etapa seria Curitiba, na segunda-feira, dia 14, para aulas na escola do Joel Jr., a Drum Time. Saímos de S.Paulo às duas da manhã de segunda e em uma viagem tranquila chegamos a Curitiba, por volta das 9 da manhã. Após um tempo para encontrar um local adequado para estacionar o Infallibus rumamos para a Drum Time. Encontramos o Joel já na porta da escola onde largamos nossas mochilas e logo em seguida fomos almoçar em um restaurante sensacional, propriedade do irmão do dono do restaurante onde almoçamos no sábado em São Paulo, no Hangar Day. Como somos clientes assíduos tanto em São Paulo quanto Curitiba, logicamente rolou aquele desconto esperto na hora de pagar a conta, rsrs. Voltamos para a escola e durante a tarde enquanto alguns recebiam seus alunos, outros em intervalos distintos recebiam as visitas dos nossos amigos queridos de Curitiba, a Luma, o Alex, a Lohanna, Cris Helen e a Dani vestida de aeromoça... haha entreguei Dani, sorry. À noite conseguimos um lugar seguro para o ônibus e fomos jantar. Mais tarde, alguns tiveram insônia e foram tomar “água que passarinho não bebe” em uma conveniência de um posto de gasolina próximo.

Na terça-feira, dia 15, após o meio dia despedimo-nos do Joel, que àquela altuta já devia estar dando graças a Deus pela multidão do Hangar ir embora, rsrsrs e rumamos para o Shopping Barigui. Fomos direto a FNAC montar o equipamento e acertar os detalhes sobre o lançamento da biografia do Aquiles. Tocar nas lojas da FNAC sempre é muito bom, é algo diferente e o atendimento do staff da loja é sempre excelente. Geralmente o público fica sentado e participa muito. Mais uma vez reencontramos os amigos Alex, Luma, Cris, Lexus, Dani, Zé do Cartaz e mais uma centena de pessoas e fãs da banda. O Aquiles falou bastante da biografia e batemos um papo muito bom com todos que se aventuravam a perguntar sobre qualquer coisa. As músicas foram cantadas e muito aplaudidas. Nas partes engraçadas mais uma vez ovacionamos a nossa máquina de cartão de crédito da Cielo, que tornou-se um evento a parte dentro da festa. Após o show, recebemos todos, mas a esta altura, quase onze da noite a correria foi grande para desmontar tudo e sair a tempo do Shopping. Perto da meia noite partimos de Curitiba direto em direção a Porto Alegre.

Gravataí e Porto Alegre

Antes de chegar a Porto Alegre, passamos na fábrica da Harman (ex-Selenium) e batemos um papo rápido com o Fábio Floriani, diretor, reforçando o convite para o pocket show de sexta-feira, dia 18, na Fnac de Porto Alegre. Seguimos direto para a casa do Martinez e deixamos por lá o próprio, o Fábio e o Humberto. O restante do pessoal, Aquiles, Daniel, Rodrigo e o Fábio seguiram para a minha casa em Gravataí. Chegamos a tardinha. Quinta-feira, dia 17 de março, foi dia para manutenção do Infallibus. Enquanto o Aquiles, o Rodrigo e o Daniel rumaram no meu carro para Porto Alegre para comprar alguns cabos que estavam falatando e visitar o Rafa Dias no Batera Store, eu e o Fábio Didi fomos tratar de arrumar local para troca do óleo, manutenção das lampadas e mais algumas coisas pequenas. Felizmente conseguimos fazer tudo em um raio de 1km de distancia. O bairro onde moro tem esta vantagem que nem eu mesmo sabia, é tudo muito perto.

Na noite de quinta, todos fomos até a cidade de Portão, próxima à Porto Alegre, na casa do Rodrigo, da Urban Boards, que nos convidou para um churrasco. Carne de primeira, cerveja gelada... Agradecemos demais a imensa hospitalidade dos irmãos Rodrigo e Raquel. Claro, alguns abusaram da “água que passarinho não bebe”... E na volta, uma pessoa ficou “meio alterada” e começou a morder todo mundo dentro de Infallibus... No dia seguinte, todos da banda e da equipe (exceto um, que vou deixar a imaginação de vocês descobrir) estavam com tatuagens de dentes nas costas, braços, pescoço. O Ministério da Saúde adverte: se beber, não morda, rsrsrs.

Sexta-feira a tarde fomos para o Barra Shopping Sul, em Porto Alegre, para montarmos o equipamento. Um pequeno stress no estacionamento do busão na porta da FNAC e o desaparecimento do cabo da máquina de cartão da Cielo indicavam que seria uma tarde estranha, mas felizmente foi somente isso. Porto Alegre nos recebeu de braços abertos. Ficamos muito felizes de ver a FNAC super lotada. Na real, faltou lugar. Além dos meus familiares, os do Aquiles e do Martinez, que costumeiramente comparecem em todos os eventos próximos, tivemos a presença de vários amigos e pessoas ilustres da música na cidade. Amigos como o Marcelo Rodrigues, o pessoal da banda Oniggatai, a Mônica Souza, o Chileno e o Luciano do Tierramytica, o grande baterista Kiko Freitas, um dos mais respeitados do Brasil no seu instrumento, Frank Jorge, coordenador do curso de Formação de Produtores de Rock da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o Diretor da Harman, Fábio Floriani, que foi homenageado pela banda com dois quadros com a nossa imagem e o Infallibus, sonho que somente se realizou devido a sua chancela ao projeto e vários amigos e fãs. A homenagem ao Fábio e à Harman foi marcante. Esperei pelo discurso dele mas a emoção foi tão forte que ele não conseguiu falar. Atendemos todos até a loja fechar e depois fui para casa enquanto os demais saboreavam um jantar em um restaurante do shopping.

Santo Ângelo e a confusão

Dia 18, sábado partimos em direção a Santo Ângelo por volta das cinco da manhã. Perto do meio dia chegamos a Ijuí onde almoçamos com o pessoal da banda Excellence, que organizou nosso show ano passado no SESC da cidade. Um grande abraço ao Lucas, Marcos, Robson, Pimenta e ao pessoal que nos recebeu muito bem. O show de Santo Ângelo foi firmado quando da nossa passagem pela cidade em dezembro. O Alex Chimú, que foi nosso anfitrião na época, tinha vontade de levar uma banda e colocar um show na cidade há certo tempo e, movido pelo sucesso do workshop de dezembro, marcou a data para 18 de março. O grande problema é que ele associou-se a uma casa de show da cidade chamada Yallah que a principio sempre deixou claro sua intenção de fazer o evento e o Chimú ficaria como divulgador. No decorrer dos meses de janeiro e fevereiro sempre cobrei o contrato do referido produtor da casa sem sucesso. No inicio de março ele me ligou e disse que estava tudo certo e que não precisava me preocupar. Abonado pelo Alex seguimos com o acerto. O que aconteceu é que faltando sete dias para o evento a casa simplesmente fechou, sem dar explicação nenhuma quanto a nossa data. Já estávamos com a agenda prevista para Porto Alegre, então entre cancelar o show e tentar outra uma alternativa, pedi ao Alex que desse um jeito de conseguir outro lugar. Quando chegamos em Santo Ângelo o lugar era realmente indescritível, completamente fora de qualquer possibilidade de realizar um show. Um galpão precário com fiação exposta, apenas uma entrada e saída. Ficamos todos chocados pelas condições. A decisão seria ir embora e não tocar, até que o dono do local sugeriu que fizessemos o show em um outro local de sua propriedade. Fomos até lá e o mesmo tinha um palco apropriado e muito espaço, no centro da cidade. Tivemos que tomar uma decisao em cima da hora em respeito às pessoas que já estavam se deslocando para o show. Resolvemos fazer um acústico às pressas. Não havia outra saída a não ser o improviso. Mesmo assim o show foi animado e surpreendeu muita gente. Contamos mais uma vez com a ajuda dos amigos Mauriel Ourique, o Caco Garcia, as queridíssimas Patrícia “Borgir” Cordeiro e Débora Reoly, Eduardo Cadore, além de pessoas que sempre nos acompanham na região como o “Alemão” Thiago, a Elisa Conceição, o pessoal da banda do Alex, João, James, Moita, a Luana e Geovana Marques, o Patrick Alexander o Deivis, o Mauricio, a Kitty Rigoli, irmã do Marcos, o Matheus Rigoli, a Talitha e a Drica, a jornalista que nunca nos entrevista... kkkk. O prejuízo moral e financeiro foi uma constante que ficou na minha cabeça nesse dia, mas não teria como não darmos uma satisfação para esta galera. Ficou a lição e na realidade em tantos anos de carreira acho que foi a segunda vez que aconteceu algo deste tipo. Ficou a vontade de todos de quem sabe a gente volte em breve para preencher esta lacuna na região das Missões. No final, mais uma vez nos dirigimos para o único restaurante aberto na cidade, fizemos um lanche já por volta das duas da manhã e seguimos para o hotel. Por volta das dez da manhã saímos da cidade em direção a Porto Alegre, onde deixamos o Fábio no aeroporto para que voltasse para casa mais rápido e curtisse os seus dez dias merecidos de férias e depois seguimos novamente para Gravataí.

A segunda-feira seguiu com aulas do Aquiles no Bateras Beat, enquanto fiquei em casa com o pessoal e providenciamos um churrasco para a noite. Deixei os três paulistas irem comprar a carne e decidimos fazer na grelha, tipo bife. Quando o Fábio, o Daniel e o Rodrigo chegaram com a carne eu achei engraçado, eram três bifes grossos e grandes e mais ou menos uns três quilos de linguiça, ou salsichão como é conhecido aqui nos pampas. Voltei ao açougue e pedi para o cara cortar aqueles bifes grandes bem “finos” e pequenos. Os três bifes resultaram em uns 12 pedaços pequenos e acabei comprando mais um pouco de carne pra sustentar a rapaziada. Ou seja, estes paulistas que estavam aqui em casa não entendem nada em matéria de churrasco. O Martinez e o Humberto vieram e a confraternização rolou até a meia noite.

Carlos Barbosa

No dia 21, terça, o Aquiles e eu fomos até a Escola Universal Fênix, de Carlos Barbosa. A cidade fica no pé da serra gaúcha, a cerca de 100km de Gravataí. O Aquiles daria umas aulas por lá e resolvemos ir sozinhos, ficando o resto da galera na minha casa. Chegamos para almoço e conhecemos o pessoal da escola, em especial o Macally. Já não bastou o nome, ainda a figura era especial. Um bom humor sem igual. Lógico que ele acabou virando o “Maccaly Culkin” e depois o “Maccally Festas”, tamanha a festa que ele realmente é. Cidade simpática, pessoas simpáticas, ficamos o dia todo por lá. Enquanto o Aquiles trabalhava eu passeei pela cidade, fui a bancos, praças e aproveitei o sol e a temperatura que somente a serra deste estado apresenta. Um legítimo passeio pelo interior. No intervalo visitamos a loja da Tramontina, que vende produtos mais baratos. No final da tarde nos reunimos com o Maccally e o Leandro que são sócios em alguns eventos e aproveitamos para tratar do nosso show ou workshow na cidade no mês de junho. Foi um dia bem legal e voltamos direto para Porto Alegre para passar no nosso amigo Hebert Shred, onde recolhemos nossos bags que estavam no conserto. Voltamos para Gravataí por volta das nove da noite e fomos jantar em uma lanchonete próxima de casa. O Fábio Didi já havia descansado bastante e eles deveriam seguir viagem partindo de Gravataí à meia noite com destino a Brusque. Voltamos pra casa e o pessoal recolheu as malas e deixaram o ônibus pronto. O Martinez resolveu ficar em Porto Alegre e acabou somente trazendo o Humberto até Gravataí. A meia noite o Infallibus partiu da Morada do Vale em Gravataí. Gravei a partida para lembrar depois. Foi meio estranho, eu ficando em casa e o ônibus indo embora com os caras. Durante os dias que ficou aqui o bairro literalmente adotou o ônibus e por onde íamos todos comentavam e achavam o máximo “o ônibus do Hangar ali na frente da casa do Fernando“. Sim, as pessoas me conhecem aqui por Fernando...

No dia seguinte em Brusque aconteceu o workshop do Aquiles , mas ai eu já não estava presente. Em abril voltaremos com mais um diário do Hangar. Vamos passar por Itumbiara e Uberlândia, ou seja, Goiás e Minas. Muito pão de queijo e pamonha, uai. Aguardem!

Abril...

Itumbiara

No início de abril, o Aquiles esteve em uma feira na Europa, a Musik Messe. Assim, tivemos que marcar as datas da banda perto da metade do mês. No dia 11 viajamos para São Paulo onde nos encontramos. E no dia 12 seguimos viagem para Itumbiara, a cerca de 750 km de distância. Estivemos lá em 2009, o Aquiles e eu, então já conheciamos bem o caminho. Nosso anfitrião e produtor na cidade é o Hiury Garcia, grande baterista e um cara simplesmente muito bacana e gente fina. Chegamos na note do dia 12 e seguimos direto para a casa da avó do Hiury, que nos esperava com uma saborosa comida caseira goiana de primeira qualidade. Banda e equipe jantaram “feito bichos”, como costumamos falar. Depois para o hotel onde descansamos. Na quarta-feira, dia 13, seguimos para o complexo da Universidade Luterana (ULBRA) onde foi realizado o workshow. Após algumas dificuldades para estacionar o Infallibus no campus, finalmente conseguimos ter acesso ao Auditório principal da Universidade. Passamos o som e à noite contamos com a presença de 200 pessoas no evento. Na mesma hora, na frente da ULBRA, estava sendo realizado o “aniversário do prefeito”. Isso mesmo, interior é assim, comemoram o aniversário do prefeito com um show de uma grande dupla sertaneja, mas que não lembro o nome. Ficamos todos falando sobre isso, que quem deveria estar pagando aquela festa toda seriam os próprios contribuintes da cidade. Ponto negativo para Itumbiara, em compensação o workshow foi um sucesso. Muita gente que esteve em 2009 voltou trazendo mais convidados. O público de rock em Itumbiara é na sua maioria “evangélico” e na hora do bate papo eu me dirigi a eles como “não sendo evengélico, algum problema???”, rsrs. Acho que eles ficaram assustados com a minha afirmação, mas lógico que tudo não passou de uma grande brincadeira e caímos todos em gargalhadas gerais. Uma constatação deste dia foi a grande discriminação na cidade com o rock de maneira geral. Foram muitas as reclamações das pessoas que foram ao work sobre a falta de apoio total. A maneira como eles me falavam sobre isso me lembrou de anos atrás, lá nos anos 80, quando ainda havia certo preconceito, mas em 2011, isso soa estranho. Itumbiara ainda não abriu as portas para a sua juventude rockeira, uma pena. Fazia muito tempo que eu não presenciava isso. Na quinta-feira, ficamos o dia todo na cidade, pois tínhamos algumas aulas marcadas em uma escola. Aproveitamos também para visitar uma loja de instrumentos que acabou ficando com material nosso para venda na cidade. Foi mais um dia agradácel em Itumbiara. Almoçamos e jantamos novamente na casa do Hiury e jogamos muita conversa fora.

Uberlândia

Na sexta pela manhã, dia 15 saímos bem cedo de Goiás e seguimos para Uberlândia. Fomos recebidos pela Tatiana Ribeiro, nossa grande amiga na cidade. A Tati é responsável pelos nossos vários workshops e aulas em Uberlândia desde 2008, além de trabalhar no Conservatório Estadual de Música na cidade. Às dez horas o Aquiles já estava no Conservatório com os seus alunos, todos agendados. Seria um dia bem puxado para ele, enquanto os outros apenas descansavem no hotel ou passeavam por Uberlândia. Por volta do meio dia fomos até uma rádio para promover o show. Os produtores do show eram o Thiago e a Jenia e eles nos pegaram no hotel. A rádio era bem pop rock, quando chegamos estava tocando Nickelback. O locutor nos disse que a audiencia era mais de um milhão de pessoas. Já achei estranho... Começamos o papo e de cara vimo que o locutor não sabia nada da banda, algo até que normal para uma rádio do interior, mas estranho para uma rádio de rock que estava apoiando o evento. Na primeira intervenção o Humberto já saiu falando sem se apresentar e eu que estava gravando tudo no meu Q3, da “Zoom”, fiz gestos e falei baixinho ... ”fala quem é você que aqui não é televisão”. Todos começaram a rir. A primeira confusão, como sempre... Papo vai, papo vem, saquei três ingressos para sorteio e o locutor disponibilizou os mesmos para os primeiros que ligassem... Passou um minuto e nada de alguém ligar... Aí o cara falou ”é, como ninguém ligou vamos deixar os ingressos ali na portaria esperando as primeiras ligações”... Todos da banda começaram a rir e o locutor não sabia onde enfiava a cara. Até hoje eu não sei se a rádio realmente tinha “um milhão de ouvintes” rs, enfim...

Neste dia, pela primeira vez colocamos em prática a palestra “Aquiles Priester, de fã a ídolo”. Às 19 horas a sala estava cheia, com cerca de 200 pessoas que assistiram o Aquiles falar sobre a sua carreira e sua experiência como músico. A plateia gostou tanto que faltou espaço para as perguntas e bate papo, já que extrapolamos os horários. Foi uma experiência muito legal e com certeza será levada a todas as regiões do Brasil. Obrigado a Tatiana e ao Conservatório por abrir este espaço muito importante. À noite saímos todos para comemorar no centro de Uberlândia onde conhecemos o pub de um amigo. Uma banda de covers tocava enquanto alguns conversavam e outros saboreavam algum tipo de líquido com um pouco de álcool dentro... Nada muito exagerado porque o show seria no dia seguinte. Sábado chegou e a equipe foi para a casa do show. O local era fantástico. Excelente palco e infraestrutura. Tanto o Thiago quanto a Jenia se empenharam bastante para que tudo desse certo. Um grande público compareceu e o show foi um sucesso. Podemos rever todos os amigos de longa data e conhecer novos admiradores. Partimos para São Paulo na manhã do dia seguinte e cada um retornou para as suas bases, Porto Alegre, Gravataí, Mococa e Manaus.

domingo, 10 de abril de 2011

Bandas que mais venderam no mercado americano.

Nas discussões de colégio na hora do recreio, na espera por um show de rock, na sala de ensaio, onde quer que seja sempre naquele bate papo entre "experts" de música que seguem mais o coração do que qualquer coisa começam discutir, qual banda é maior, qual vendeu mais etc...então como o mercado americano é um dos parametros para avaliação , segue ai a lista das bandas que mais venderam em todos os tempos nas terras do tio sam...
A lista inclui somente bandas e não artistas solo ou artistas solo mais bandas de apoio...Tirem as suas conclusões....
Fonte RIAA - Record Industry Association of America

1 - The Beattles - 177 milhões
2 - Led Zeppelin - 111
3 - The Eagles - 100
4 - Pink Floyd - 75
5 - AC/DC - 71
6 - Aerosmith - 67
7 - Rolling Stones - 66
8 - Metallica - 60
9 - Van Halen - 57
10 - U2 - 52
11 - Fleetwood Mac - 49
12 - Journey - 47
13 - Alabama - 46
14 - Guns N Roses - 44
15 - Chicago - 39
16 - Foreigner - 38
17 - Basckstreet Boys - 37
18 - Deff Leppard - 35
19 - Bon Jovi - 35
20 - Queen - 33
21 - The Doors - 33
22 - Pearl Jam - 32
23 - Boston - 31
24 - Dixie Chics - 30
25 - Lynyrd Skynyrd - 28
26 - N Sync - 28
27 - Boyz II Men - 27
28 - Bee Gees - 26
29 - Creedence - 26
30 - Rush - 25
31 - ZZ Top - 25
32 - Nirvana - 25
33 - Creed - 25
34 - The Carrs - 23
35 - Motley Crue - 23
36 - Earth , Wind and Fire - 23
37 - Green Day - 23
38 - The Police - 23
39 - Reo Speedwagon - 22
40 - Beatie Boys - 22
41 - The Doobie Brothers - 22
42 - Red Hot Chilli Peppers - 22
43 - Genesis - 22
44 - The Beach Boys - 22
45 -Heart - 22
46 - The Who - 21
47 -Nickelback - 21
48 - REM - 20
49 - Linkin Park - 19
50 - Kiss - 19


Músicas que marcaram : Capítulo quatro - Desperado - Eagles


Eu até poderia ter escolhido "Hotel California", o símbolo máximo da música desta banda , mas tenho uma preferência por "Desperado" pelo conteúdo da letra e por ser uma balada. Pra quem não sabe Eagles é a terceira banda que mais vendeu em todos os tempos nos EUA somente atrás de Beattles e Led Zeppelin. Enquanto "Hotel California", o disco e música foram lançados em 1976, "Desperado" nasceu tres anos mais cedo em 1973. Indo ao encontro da temática bem americana de "estrada", "cowboys solitários", "easy riders" e afins, as letras das duas músicas se encontram em diversos pontos , mas de maneira distinta, uma mais metafórica e outra mais real. "Hotel California" narra a viagem de um cowboy solitário pela estrada até chegar em um lugar de prazeres, jogos, mulheres, bebidas e tudo agradável que você possa imaginar. A imagem dúbia que você pode estar no céu ou no inferno ao mesmo tempo. A busca pela verdade que se revela no último verso quando o porteiro do "Hotel" fala que "você até pode pagar a conta mas nunca poderá sair daqui". O tema gira pelo "hedonismo" , as coisas loucas que a fortuna e vida da estrada podem te oferecer e a oportunidade que você tem de nunca mais sair daquele local se não souber levar a sua vida de maneira no mínimo menos insana. "Desperado", que não significa "desesperado", mas sim "pistoleiro" ou "fora da lei", fala do momento anterior ao de "Hotel California", mais pé no chão. A letra fala claramente sobre isso, com mais realidade. Do tempo que está passando, das dificuldades e principalmente das escolhas que podem te levar a vários caminhos. O verso com "a dama de diamantes e de copas" é bem explicito sobre o assunto. O final também é revelador pois mesmo com "chuva" ainda temos um "arco-íris" sobre nós, mesmo na dificuldade, nada está perdido e sempre "você pode deixar alguém te amar antes que seja tarde demais" independente se for a dama de diamantes ou a de copas, cabe a você fazer a escolha. "Desperado" é um clássico que deve ser ouvido em momentos únicos. Uma ótima pedida para momentos solitários na estrada ou como "Paixão" de Kleiton e Kledir, ótima para dançar com alguém que você considere especial em uma noite de verão rodeada pelos raios de uma lua crescente regada com uma boa taça de vinho 'gaúcho". Faça o teste e cante-a bem baixinho no ouvido de alguém...depois ela até pode esquecer, mas você com certeza jamais...ops.

Desperado - Eagles - 1973

Why don't you come to your senses?
You've been out ridin' fences,
for so long now
Oh, you're a hard one
but I know that you've got your reasons
These things that are pleasin' you
can hurt you somehow

Don't you draw the queen of diamonds boy
She'll beat you if she's able
You know the queen of hearts is always your best bet
Now it seems to me some fine things
have been laid upon your table
But you only want the ones
that you can't get

Desperado
Oh, you ain't getting no younger.
Your pain and your hunger,
they're driving you home
And freedom, oh freedom
well that's just some people talking.
Your prison is walking through this world all alone

Don't your feet get cold in the winter time?
The sky won't snow and the sun won't shine
It's hard to tell the night time from the day
And you're losing all your highs and lows
Ain't it funny how the feeling goes
away...

Desperado
Why don't you come to your senses?
Come down from your fences, open the gate
It may be rainin', but there's a rainbow above you
You better let somebody love you
(let somebody love you)
You better let somebody love you
before it's too late.